terça-feira, 14 de julho de 2015

A interacção Família-Escola: Um desafio para o processo de Ensino e Aprendizagem

Introdução
Hoje em dia, tendo em conta da realidade que se vive na nossa sociedade, acontece que muitas famílias  preocupam-se pouco, aliás dão pouco tempo  em acompanhar a vida educativa  dos filhos para se concentrarem noutras actividades com vista a sustentar a vida familiar. Isto verifica-se quando se trata do acompanhamento da vida escolar dos filhos.  Basta matricular os filhos na escola, as famílias acham que já terminou a sua missão ou responsabilidade. A escola também, basta acolher o educando, não se preocupa de associar a sua família a este trabalho educativo, a não ser o de convocar a família quando houver uma situação preocupante sobre o educando. Será que é isso a interacção ?
A falta da interacção entre família e escola tem repercussões nefastas sobre a educação dos educandos. Isto é, prejudica o processo de ensino e aprendizagem, o desempenho escolar ou académico dos educandos, e mesmo o próprio comportamento do educando. A valorização desta interacção, pelo contrário, favorece uma educação que garante o sucesso do processo educativo.
Com este trabalho pretende-se mostrar o papel que cada um dos agentes desempenha, identificar os problemas que dificultam esta interacção e mostrar a necessidade desta interacção e o seu impacto na vida escolar dos educandos.
A elaboração deste trabalho tornou-se possível graças à consulta bibliográfica. Com esta, entramos em contacto com as teses de alguns autores que trabalharam sobre o assunto, embora de forma diferente. O presente trabalho limitar-se-á  ao aspecto da interacção entre família e escola em relação com o sucesso do processo de ensino e aprendizagem.
Para concretizar o nosso propósito, cinco pontos serão tratados. O primeiro tem que ver com a definição de termos, o segundo trata da falta da interacção entre família e escola. Aqui iremos ver que na nossa sociedade não existe uma interacção entre estas duas instituições - família e escola -  no seu verdadeiro sentido,  e que esta falta prejudica a educação dos educandos. O terceiro refere-se à necessidade da interacção entre família e escola, o quarto trata do envolvimento da família na gestão do currículo. Neste, veremos que a escola não valoriza a família na gestão do currículo enquanto detentora do conhecimento da realidade dos seus educandos, e o quinto consagrado ao impacto desta interacção, mostra que uma boa interacção entres as partes favorece um bom desempenho e sucesso no trabalho educativo.

  1. Definição de termos 
Neste tópico pretende-se definir os termos considerados essenciais para a compreensão do tema. Assim, as definições serão feitas tendo em conta do contexto do nosso trabalho.
1.1.A família e suas funções
O termo família pode ser definido como pessoas que vivem na mesma casa. Pessoas do mesmo sangue, que vivem ou não em comum. Descendência, linhagem (AAVV.1949:1168). Na mesma perspectiva, PIKUNAS apud LIMA (2009:68), define a família como:
Grupo social duradouro com base no casamento e relacionamentos de sangue, exercendo influencias hereditárias e ambientais das principais dimensões sobre o recém-nascido. Via de regras, os pais e seus filhos dependentes constituem a família. Como grupo primário, a família com filhos é mantida em conjunto pelo parentesco e relações íntimas marcadas por carinho, afeição e apoio, bem como pela partilha mútua em várias atividades e interesses.
As definições acima citadas sublinham o aspecto da descendência e da união do sangue como elementos essenciais para conceitualizar a família. Mas, olhando para nossa realidade africana, esta definição parece muito restrita e limitada e para isso, precisa de ser definida numa outra vertente mais abrangente.
MARUJO et all (1998:10) considera que a família deve ser compreendida numa acepção alargada porque, cada vez que refere a mães e pais estaremos não só a pensar em progenitores biológicos, mas também em pais e mães adoptivos, em padrastos e madrastas, em avós e avôs, em encarregados de educação, em educadores em geral.
Apoiando a ideia, BOCK (2004:249) acrescenta que,
culturalmente, a família é um grupo tão importante que, na sua ausência,  a criança ou o adolescente precisa de uma família substituta ou devem ser abrigados em uma instituição que cumpra suas funções materna e paterna, isto é, as funções de cuidados para a posterior participação na coletividade.
O conceito de família, tal como definido pelos autores supracitados, apresenta uma certa semelhança e divergência. Converge no facto de considerar a família como lugar de socialização ou educação dos filhos e diverge quanto a sua abrangência, dado que alguns autores consideram a família no seu aspecto restrito, isto é, considerando o aspecto hereditário, biológico ou da união de sangue. E outros, consideram a família como sendo mais abrangente, isto é, não considerando apenas o seu aspecto biológico.
Portanto, a família é uma realidade muito complexa. Limitar-se ao aspecto biológico seria diminuir a sua abrangência. No nosso caso, considera-se família o ambiente que cuida dos filhos assim como todos os membros que vivem no mesmo seio, unidos ou não por laços de afinidade ou de sangue. Neste caso, consideram-se família, todos aqueles que se encarregam da educação dos filhos e acompanham o processo educativo dos mesmos; podem ser pais biológicos ou não, padrastos, tias, encarregados da educação, avós, e os próprios filhos, etc.
1.2.A escola e o seu papel na vida do educando
Como instituição básica e transmissora da cultura e  socializadora dos indivíduos, a escola desempenha um papel importante na sociedade. Desta forma, ele não é só um lugar de aprendizagem, mas também um campo de acção no qual há continuidade de vida afectiva que existe no ambiente familiar.
É nesta perspectiva  que PIMENTA at all (1999:89) considera a escola como sendo
uma instituição social básica, um conjunto de relações, processos e recursos para satisfazer interesses e necessidades comuns. A escola como instituição, responde à necessidade social de transmitir cultura, socializar o indivíduo e prepará-lo para desempenhar um papel na sociedade.
Assim, a escola, por meio da transmissão de conteúdos incute uma nova cultura aos alunos e ajuda-os a apropriar-se de todo o conhecimento que adquirem e relaciona-o com a nova realidade. O conhecimento ou a educação adquirido na escola não é só para satisfazer as necessidade da sociedade, mas sim, e sobretudo para fazer do indivíduo um homem.
MIZUKAMI apud SILVA (1995:85), confirma que a escola é por excelência o local da preservação cultural, onde se processa o acesso às grandes produções culturais da humanidade e os valores essenciais.
Portanto, como instituição educativa, a escola é um ambiente educativo ao serviço da sociedade. A sua presença assegura a continuidade da educação dos filhos. Por esta razão, há mesmo necessidade de a escola estar em perfeita sintonia com a família. Ela, é uma instituição que complementa a família e juntas tornam-se lugares agradáveis para a convivência de todos. O seu papel é de grande importância dado que a família deposita nela uma confiança para perpetuar a cultura e a socialização dos filhos com uma nova cultura afim de satisfazer as preocupações da sociedade.
1.3.A interacção família-escola
Depois de definir o termo família e escola, é-nos importante falar sobre os dois termos ligados.
Segundo JANE e MARILZA (2010), a expressão ‘interacção família-escola’ se baseia na ideia de reciprocidade e de influência mútua, considerando as especificidades e mesmo  as assimetrias existentes nessa relação.
Falando desta interacção, considera-se que cada parte tem as suas responsabilidades ou papéis que exerce na sua área particular. Mas trabalhando em conjunto, estes papéis não se repulsam quando se trata da educação dos filhos, mas sim, complementam-se. É isto que os autores acima referido chamam ‘reconhecimento das diferenças’. O reconhecimento dessa diferença é fundamental para a interacção. O desafio é fazer com que essa assimetria produza complementaridade, e não exclusão ou superposição.
  1. A falta da interacção entre família e escola
Neste ponto, pretende-se mostrar que o nível de interacção entre família e escola é muito fraco ou senão não existe por causa da sua superficialidade na realidade escolar.
Segundo LIMA (2002: 269), a maioria das famílias desenvolve uma interacção com o estabelecimento escolar de tipo ‘tradicional’ que consiste em idas à escola, por solicitação do professor para o comportamento disciplinar dos filhos, ou quando há algum problema.
Com esta ideia, o autor mostra que a interacção entre estas duas instituições é  superficial e mesmo não existe dado que, as famílias se apresentam na escola, não para trocar experiências e impressões sobre a vida do aluno, mas apenas para receber resultado dos filhos ou responder às convocatórias. Numa conversa informal, falando com alguns professores para saber como a escola interage com as famílias dos educandos, as respostas foram todas negativas. De forma geral, disseram que não existe uma interacção especifica a não ser  a escola convoque os pais para assunto da indisciplina dos filhos.
A escola como a família tem uma percepção bem reduzida desta interacção. Será que a interacção limite-se a dar e responder às convocatórias? Acho que não. O campo da interacção entre família e escola deve ser muito amplo, englobando os encontros para a planificação de actividades e gestão curricular e a organização da escola em vários aspecto pedagógicos e administrativos.
Os dados de pesquisa realizados por  AFONSO apud  LIMA (2002:160) indicam que muitos professores transmitem aos pais, sistematicamente, a ideia de que a sua presença e envolvimento na escola só são necessários quando existem problemas com os alunos, ao nível do aproveitamento, da disciplina ou da assiduidade. Em todas as outra situações, com  excepção de algumas ocasiões festivas, os encarregados de educação são desencorajados a entrar na escola, por tal se revelar “inútil”. É por esta razão que MARUJO at all (1999: 148) pensa que, a relação escola-família é uma relação essencialmente negativa.
A escola  tem uma parte de responsabilidade no que tange à promoção da interacção com a família. Ela não incentiva a família a trocar impressões sobre a vida escolar dos educandos nem convoca-a para a programação das actividade escolares nem para uma gestão compartilhada das actividades. Ela culpabiliza a família por não ter interesse pela vida escolar dos educandos e  responsabilizando-a do insucesso de desempenho escolar.
Numa outra vertente, LIMA (2002:164) mostra que, o que falta à família não é interesse pela educação dos seus filhos mas, antes, o conhecimento do modo como o sistema educativo funciona e como poderia ou deveria estar a responder às necessidades dos seus filhos.
Muitas famílias não sabem que depois de entregar o filho na escola, se deve fazer um acompanhamento sério e ajudar a escola nas diversas áreas da gestão para que haja sucesso no processo educativo. O não conhecimento da interacção prejudica o processo de ensino e aprendizagem.
Outro elemento a ter em conta nesta escassez da interacção entre família e escola tem que ver com a localização de classe dos pais e a dificuldade de fazer esta interacção.
Enquanto, CROZIER apud LIMA (2002:163) defende que, a localização de classe dos pais tem um impacto directo sobre a sua capacitação para intervir na escolarização dos seus filhos e para participar enquanto consumidores activos ; MARUJO et all (1999:148), quanto a ela, mostra que as famílias querem envolver-se na vida escolar dos filhos, porém, muitos não sabem como fazê-lo, têm pouco tempo disponível, ou estão face a uma escola que não estimula esse envolvimento.
A teoria que Crozier defende é relevante dado que, uma família informada sobre os assuntos  escolares, facilmente interessa-se em saber mais sobre o que os filhos aprendem ou devem aprender. Ao passo que uma  família não informada pode ter receio de entrar em contacto com a escola por não ter ‘matéria’ a tratar com ela. A primeira como a segunda posição não é categórica, porque existe famílias sem formação académica mas que manifesta grande interesse na vida escolar dos filhos e outras com esta formação mas estrangeiras na vida escolar dos filhos.
A questão de disponibilidade da família é uma realidade que se vive no nosso quotidiano. No entanto, não é por causa da falta do tempo que as famílias não entram em contacto com a escola, mas sim, por falta de interesse e da vontade de acompanhar a vida escolar dos filhos.
Portanto, não há uma verdadeira interacção, porque cada uma das instituições observa e critica a outra de longe e se encontram que quando há problemas com os educandos. Quando há convocatória para interagir, nem sempre a família aparece, alegando a factor tempo, que a escola fixa a hora em que os pais estão no serviço ou na machamba, os professores não tem tempo para ouvir os encarregados ou atendem mal e não respondem às preocupações, e assim por diante. Nem a família, nem a escola consegue promover esta interacção. Isto é, por um lado, a escola faz a gestão da escola e do currículo sozinha e por outro a família distancia-se para deixar toda a responsabilidade à escola.
  1. A necessidade da interacção família-escola no processo de ensino e aprendizagem
A questão de interacção entre família e escola é uma preocupação para todos dado que ambas as partes desejam uma boa educação e um bom aproveitamento escolar dos educandos.  Por esta razão, viu-se a necessidade de favorecer  esta relação e criar um laço de colaboração e cooperação entre elas.
Segundo DELORS at all (1998:111), a relação da família com a escola é indispensável porque o desenvolvimento harmonioso das crianças implica uma complementaridade entre a educação escolar e familiar.
Considera-se que bons contactos entre família e escola revestem todo interesse para a educação da criança. Estas passagens sugerem que haja colaboração entre as duas instituições, para responder às exigências educativas.
De acordo com TAVARES e ALARCÃO (2005:147), a interacção entre todos os agentes educativos origina uma complexa rede de relações que vão influenciar o relacionamento entre o educador e o educando a que se chama, embora numa acepção mais ampla, relação educativa.
Na nossa opinião, a interacção entre família e escola influencia muito  na relação entre professor e aluno. Por um lado, o professor compreende o aluno dado que tem um conhecimento amplo da vida do educando, e por outro lado, o aluno confia no professor porque sabe que este comunica sempre com os encarregados e conhece tudo sobre mim. Podemos, então, considerar que o contacto frequente entre duas instituições tem impacto positivo na vida do educando.
Esta relação saudável entre a escola e a família, segundo os termos usados por  PAIVA (2012: 205), traz tranquilidade ao sistema de ensino e ao processo de aprendizagem. O aluno que sinta esta boa comunicação e relação escola/família será um aluno mais dedicado, mais corresponsabilizado pelos seus actos e responsabilidades.
Deste modo, dá para confirmar a tese de HENDERSON apud MARQUES (1997:9), que diz, a colaboração das famílias correlaciona-se com os resultados escolares dos alunos.
Assim, os resultados escolares provêm do esforço do trabalho da escola em colaboração com a família.  É nesta perspectiva que ANACLETO (2010:20) considera que o sucesso do aluno não depende apenas da escola ou apenas da família, mas sim, do inter-relacionamento das partes, uma vez que a estreita relação com as famílias contribui, e muito, no processo de ensino e aprendizagem das crianças. Na mesma perspectiva, BARTHOLO apud LIMA (2009:9), acrescenta que a parceria família-escola é fundamental para que ocorram os processos de aprendizagem e crescimento de todos os membros deste sistema, uma vez que a aprendizagem não está circunscrita à conteúdos escolares.
Tudo o que se disse, no entanto, indica que é necessário que as famílias criem o hábito de participar na vida escolar dos educandos, e que percebam que é importante relacionar-se com a escola na busca de um objetivo em comum, ‘a educação dos filhos e o bom aproveitamento para todos’. A escola deve favorecer o clima de aproximação  das famílias mostrando-as que educar não é papel exclusivo da escola, mas sim, de todos. A interacção entre família e escola, é deste modo, incontornável para o sucesso educativo. As duas instituições devem colaborar, cooperar e trabalhar em parceria para maximizar os resultados educativos.
  1. Envolvimento da família na gestão do currículo
Este ponto apresenta a família como um dos pilares da sustentação da vida escolar e por isso, o seu envolvimento na gestão das actividades escolares é de grande importância.
A escola é uma instituição que funciona graças ao apoio da comunidade onde está inserida e das experiências das famílias e outros membros da comunidade escolar. Estes componentes todos, têm uma palavra na gestão do currículo, embora não se apercebam disso.
Para ALMEIDA (2010:4), a intervenção da família na gestão do currículo, depende basicamente de consenso sobre filosofia e currículo (adesão dos pais ao projecto político-pedagógico da escola).
A participação da família na elaboração do projecto político-pedagógico da escola é um dos aspectos a considerar com atenção para o sucesso do processo educativo. sobre essa questão  LIMA (2002: 150) expõe que:
       O envolvimento da família pode ser feito na participação na selecção de materiais curriculares; apresentação de propostas de temas a explorar ( em conjunto, por alunos, pais e professores) nas áreas disciplinares, transdisciplinares e de complemento curricular; Participação na definição dos critérios que permitem determinar aquilo em que consiste um desempenho de sucesso, em áreas do currículo cuja concepção e planificação tenha contado com a sua intervenção    
Proceder desta forma poder-se-á confrontar a realidade da escola com as expectativas da família. Com isso, pode-se chegar a descobrir as falhas que necessitarão propostas ou outras alternativas perante as quais os problemas relacionados ao cotidiano escolar  resolvem-se, pois, é este tipo de interacção realizada na escola que irá dar possibilidade à família questionar sobre as realizações educacionais de  forma a melhorar tanto a sua estrutura, como a sua função social de educar.
Assim, os encarregados de educação, pelo conhecimento particular que têm dos seus educandos, são um dos elementos fundamentais, mas nem sempre valorizados no desenvolvimento do currículo já que, globalmente, podem participar do seguinte modo:
Proporcionar informação sobre as necessidades especiais dos alunos; informar acerca das circunstâncias familiares; transmitir informação sobre o comportamento do aluno fora da escola e sobre a atitude que este tem para com a escola e para com os professores; informar o professor sobre qualquer interesse ou talento especial do aluno; dar a conhecer as suas ideias sobre a educação do aluno e a sua relação com planos futuros de aprendizagem; contribuir para assegurar a harmonia entre o ambiente natural da família e o ambiente da escola; participar activamente na aprendizagem do aluno; organizar visitas familiares de estudo com um interesse curricular; colocar os seus conhecimentos e habilidades especiais à disposição da escola. (BRENNAM apud PACHECO, 2002: 98).
Como se vê, a família pode dar um apoio muito grande nas diversas áreas para melhorar o currículo e favorecer de forma positiva o processo de ensino e aprendizagem.
ROBEIRO apud LIMA (2002: 150) admite também que a extensão da intervenção das famílias seja efectiva. Isto é, trabalhar com as famílias nos assuntos tais como:
 A progressão/retenção dos alunos, as regras de disciplina a vigorar na escola, o cumprimento dos programas por parte dos professores, o regulamento de faltas, a organização interna da escola (por exemplo, a organização do currículo, a composição das turmas, o calendário escolar, as actividades de complemento curricular), a nomeação, controlo e avaliação do pessoal docente,  na avaliação de desempenho e na progressão de carreira.
A presença das famílias ou encarregados da educação na planificação de actividades ou na tomada de certas decisões, obriga a escola  e família a levar a sério a formação dos educandos. Deste modo, Ao invés da escola chamar ou convocar a família apenas quando as coisas não andam bem, quando as notas estão baixas, ou quando se precisa de uma ajuda pontual, ela deve ser vista como elemento participativo ou como um co-autor do processo educativo escolar e, consequentemente, envolver-se mais directamente na concretização do mesmo.
A exigência da participação dos pais na organização e gestão da escola corresponde a novas formas de relações entre escola, sociedade e trabalho, que repercutem na escola nas práticas de descentralização, autonomia, corresponsabilização, interculturalismo. De facto, a escola não pode ser mais uma instituição isolada em si mesma, separada da realidade circundante, mas integrada numa comunidade que interagem com a vida social mais ampla (LIBANEO,2013: 97).
De tudo o que precede, e analisando a nossa situação concreta em Moçambique, vejo que a gestão compartilhada da vida escolar não é uma coisa fácil. Primeiro, as escolas (professores e directores) não são preparadas para este tipo de gestão dado que há longos anos a política escolar mostra que a escola é o responsável pela organização de todas as actividades no seu seio. Segundo, nem todas as famílias tem uma formação académica para discutir os assuntos desta área, senão algumas. Delegando um grupo dos pais com uma formação académica para lidar com a escola na gestão do currículo por exemplo, será isto uma representação das famílias para expressar os desejos de todas as família? não será uma oportunidade para alguns fazer a campanha das suas ideologias ? acho que a situação poderá criar ainda uma grande descriminação entre famílias, porque a educação não é unicamente uma propriedade dos intelectuais. A gestão do currículo parece ainda oculto nos olhos das famílias. Seja qual for as implicações da interacção das famílias na gestão do currículo ou noutra área, famílias e escola deveriam arriscar em procurar como tornar possível este envolvimento. Isso para o bem do nosso país e da nossa sociedade.
Para implementar este tipo de integração precisa duma formação ou capacitação de todos os agentes da educação (professores, directores e famílias) para poder assumir este compromisso.  As famílias junto com a escola devem procurar de forma urgente uma solução adequada que não desfavorece nenhuma parte. Mas que ajude no sucesso do processo de ensino e aprendizagem.
5.      O impacto da interacção família-escola no processo de ensino e aprendizagem
A interacção entre família e escola tem uma influencia maior sobre a aprendizagem dos alunos, dado que estes serão muito empenhados nos trabalhos por saber que a família acompanha os seus estudos.
A pesquisa de LIMA (2002:288) mostra que:
Nos alunos, o envolvimento parental conduz a uma maior motivação, a mais aproveitamento escolar e a um melhor comportamento disciplinar. Nos pais, verifica-se uma melhoria da sua auto-estima e o acesso a informação que lhes é útil para orientar os filhos; nos professores, o envolvimento parental pode tornar o seu trabalho mais facilitado e bem sucedido, além de mais bem visto, porque compreendido pelos pais.
Apoiando a ideia, EBERSOLE apud LEMMER (2006:141) acrescenta que diante da colaboração das famílias no processo educativo dos seus filhos, nota-se que os alunos aprendem mais, os professores sentem-se mais realizados e os pais sentem-se melhor com os seus filhos e consigo mesmo.
O que surge no pensamento destes autores é que a interacção entre família e escola aproveita a todos. Cada um ao seu nível e também aproveita a todos.  
Assim, EPSTEIN apud MARQUES (1997:10) destaca que, sobre a colaboração das famílias, para além de contribuir para o sucesso escolar dos seus educandos, facilita também os papéis do professor, onde os pais e /ou encarregados de educação podem participar como auxiliares e desenvolver trabalhos escolares voluntários.
De facto, a interacção da família e escola, facilita os papéis tanto dos professores como dos encarregados. E neste caso, é o educando que  beneficia.  JANE e MARILZA (2010) mostra que, quando ocorre bem e é bem conduzido o processo de aproximação entre escola e família, as crianças tornam-se mais participativas em salas de aula, animadas com os estudos e alegres com a escola.
Importa aqui realçar que, uma boa interacção entre família e escola culmina sempre ao sucesso escolar, embora um caso particular possa dizer o contrário. O bom êxito ou sucesso escolar está profundamente relacionado com a participação positiva dos pais na educação dos filhos. No entanto, esta interacção não se limita a acompanhar a criança na escola ou participar na reunião da abertura ou de encerramento escolar, como temos visto nas escolas do nosso país. Uma verdadeira interacção é, a troca de impressões, de experiências e a preparação em conjunto das actividades educativas. Chegando a trabalhar em conjunto, a família como a escola irá recuperar a sua imagem antiga que ela tinha a respeito do valor da educação familiar e escolar. Deste modo será uma nova elã da vida escolar onde todos colaboram para o bem de todos.






Conclusão
Com esta conclusão,  pretende-se dar algumas ideias importantes concernente o tema sobre a interacção família-escola.
O trabalho levou-nos a compreender que a família e a escola complementem-se nesta função de ajudar os educandos a ter uma boa educação e de forma particular, ter um bom aproveitamento escolar. Porém, esta interacção deve ser cultivada para que os resultados esperados sejam uma realidade.
Entre a família e a escola deve haver uma relação de parceira onde reina uma verdadeira cooperação, colaboração, diálogo e respeito entre as duas agentes da educação de modo a tratar sobre o percurso individual dos educandos e tendo como único objectivo o sucesso académico dos educandos.
Uma boa interacção entre família e escola alarga o campo de informação a respeito dos educandos. Portanto, a interacção família-escola é fundamental para o processo de ensino e aprendizagem.
Viu-se que, a interacção que existe entre as duas agentes é superficial dando que a família comparece na escola que quando solicitada pela escola com vista a participar numa reunião ou para assunto que tem a ver com o comportamento do educando. Tendo em conta desta realidade, pensou-se necessária favorecer a interacção com vista a incentivar os educandos em seus estudos afim de ter um sucesso no seu aproveitamento escolar.
Para resolver o situação de falta de interacção entre família e escola, as duas instituições deveriam por exemplo, planificar as actividades em conjunto, compartilhar cada etapa do processo educacional; conscientizar as famílias a participar nas reuniões ou conselhos de escola, preparar o projecto pedagógica-curricular e avaliar a qualidade dos serviços prestados juntos. Família e escola devem trabalhar juntas na gestão do currículo e noutras actividades relacionadas com a educação dos educandos. E se necessário poder-se-á organizar formações e/ou capacitação dos agentes da educação para facilitar este tipo de gestão compartilhada das actividades.



Bibliografia
1.      AAVV. Dicionário da língua Portuguesa de Cândido de Figueira, Vol I, 14ªed., Lisboa, Bertrand, 1949
2.      ALMEIDA, Franciele Jaqueline. A família na gestão da escola: uma proposta de parceria para os problemas de aprendizagem, [online] Disponível na internet via http://www.fecilcam.br/nupem/anais_v_apct/pdf/ciencias_humanas/01_ALMEIDA_MEDEIRO.pdf. capturado no dia 23/07/2014
3.      ANACLETO, Paula. “Família-Escola: um elo importante”. In Rainha dos Apóstolos. 87/1022, Brasil, sociedade Vicente Palotti, 2010, pp. 20-21
4.      BOCK, Ana Maria Bahia, “Uma  introdução ao estudo da psicologia”, 2004. [online] Disponível na internet via http://monografias.brasilescola.com/educacao/interacao-entre-escola-familia-no-processo-ensino-aprendizagem.htm, acesso 30/06/2014
5.      DELORS, at all. Educação, um tesouro a descobrir: Relatório para a UNESCO  da comissão internacional sobre educação para o século XXI, São Paulo, Cortez Editora, 1998
6.      JANE Margareth Castro e MARILZA Regattieri. [online] Disponível na internet via http://unesdoc.unesco.org/images/0018/001877/187729por.pdf, acesso 15/06/2014
7.      LEMMER, Eleanor. Educação contemporânea: questões e tendências globais, Moçambique, textos editores, Lda, 2006
8.      LIBÂNEO, josé Carlos. Organização e gestão da escola , teoria e prática, São Paulo, Herccus Editora,2013
9.      LIMA, Jorge Ávila . Pais e professores: um desafio à cooperação, Lisboa, ASA, 2002
10.  LIMA, Liliane Correira. Interação família-escola: papel da família no processo de ensino e aprendizagem. [online] Disponível na internet via http://www.diaadiaeducaçao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2009-8.pdf acesso 26/06/2014
11.  MARQUES, Romiro. A Escola e os pais: como colaborar ? 5ª Ed, Lisboa, Texto Editora, 1997
12.  MARUJO, Helana Águeda  et all. A família e o sucesso escolar, presença, Lisboa, 1999
13.  PACHECO, José Augusto. Currículo: Teoria e Praxis, Porto, Porto Editora, 2001
14.  PAIVA, Renato. Ensinar o teu filho a estudar, 2ªed., Lisboa, Esferadas dos livros, 2012
15.  PIMENTA, Maria de Lurdes at all. Dimensões de formação na educação: contributos para um Manual de metodologia geral, Portugal, Eropam, 1999
16.  SILVA, Sônia Aparecida Ignacio. Valores em educação: problema da compreensão e da operacionalização dos valores na prática educativa, Petrópolis, Rj, Vozes, 1986

17.  TAVARES, José & ALARCÃO, Isabel. Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem, Coimbra, Almeida, 2005

quinta-feira, 2 de julho de 2015

O PROFESSOR CATÓLICO, SUA MISSÃO


SOBRE A ÉTICA PROFISSIONAL

Como viver concretamente e praticar o seu professorado  sendo cristão católico?

Introdução

Os professores católicos nos meios escolares onde há diversidade de fé, encontram dificuldades de várias ordens nas suas actividades práticas: Como manter a minha identidade do professor católico num meio que não tem nenhuma ligação com a Igreja católica ?
Estudar

Existirá uma maneira específica de viver e de me comportar nas actividades diárias, manter uma vida de fé no ambiente de escolar, na biblioteca, nos campos desportivos, nos encontros ou reuniões, nos centros de ensino superior universitários ou não universitários ?

Em primeiro lugar, convém sublinhar no profissionalismo (consciência) que deve existir no católico que exerce o professorado. O professor deve ter uma preocupação de estudo e de uma cuidada preparação científica e tecnológica; mas também deve ter uma preocupação de aprofundamento e de estudo da palavra de Deus e da doutrina da Igreja.

O sentido do profissionalismo, que infelizmente, é muitas vezes apenas tomado como uma espécie de desempenho funcional adequado no local do trabalho. Deve ser encarado ou compreendido como o exercício das virtudes no enquadramento profissional. Aquele que reflecte Cristo, manifesta as virtudes heroicas que, no caso do professor cristão católico, se devem manifestar no seu trabalho profissional.

O professor católico deve identificar-se com Cristo que veio para servir e não para ser servido (Mt 20,28): o profissionalismo  manifesta-se, como uma primeira exigência, na ambição de servir com a deliberada preocupação de atingir os padrões da mais elevada competência.

Na sua função de educador, o professor assume uma grandes responsabilidade: ser responsável, quer dizer, se sentir envolvido na tarefa que estamos a empenhar; isto é, compreender o seu valor, a sua importância, e colocar tudo em marcha para conseguir, reconhecer que a derrota ou o sucesso depende de nós.

O professor é o responsável  do desenvolvimento harmonioso da personalidade dos educandos.

O professor tem a responsabilidade:

  • Perante os alunos que esperam dele esta formação, esta educação, isto é, a felicidade e o valor de toda vida deles;
  • Perante os pais qui deram-lhe mandato para lhes substituir e acrescentar a suas insuficiências;
  • Perante a igreja que lhe deu participação à missão civilizadora e redentora;
  • Perante o estado: o progresso da nação, a felicidade de cidadãos, a sua prosperidade, o seu prestigio, dependem da formação recebida dos professores.

Q/ Como é que o professor vai assumir esta responsabilidade ? que meios ?

R/ O professor católico deve saber e querer

  1. A competência profissional que implica o conhecimento: cultura geral, domínio de matéria a ensinar. O mínimo que esperam do professor é que domine o conteúdo de sua disciplina, saiba planejar bem suas aulas e consiga avaliar seu aluno de maneira global; capacidade de compreender o aluno, comunicar o seu saber, adaptar-se ao público. criativo/aberto; deve ser humilde para admitir os seus erros e procurar conserta-los ao longo do caminho, mudando a sua prática para melhor; Ampliar, aprofunda e actualiza conhecimentos científicos e psicopedagógicos; mobiliza conhecimento (organiza os conhecimentos de forma a que a sua transmissão seja correcta; utiliza adequadamente conhecimentos do seu ramo e/ou de outros ramos; não comete erros; dá resposta correcta ainda que posteriormente à problemas que lhe são postos)
  2. Consciência profissional: vontade permanente de cumprir a sua tarefa. isto exige:

·         Honestidade no cumprimento pontual das suas tarefas, respeito de horário, planificação,  sigiloso, prudente, corajoso , firme, compreensivo, imparcial,  optimista, humorado;

·         Dedicação no cumprimento das suas tarefas, sem ter em conta nem do seu tempo, nem as suas penas;

·         Dignidade da vida privada: o que o professor é e faz, conta muito para o aluno do que o que ele diz. Uma vida fora da escola que esteja em contradição com os princípios  morais pregados na sala de aula, destrói toda a obra educacional;

·         Assim, deve haver coesão entre o trabalho e a vida privada dado que o professor católico é responsável da fama da escola onde trabalha.

Viver em comunidade

Pela sua vocação, o professor católico é chamado a servir à imagem de Cristo que ele deve representar, Ele Próprio, o Servidor de todos. Esta noção do serviço é experimentada por todos e por cada um em comunidade; em particular, pelo professor próximo dos alunos, próximo dos seus colegas, funcionários administrativos, nomeadamente na utilização dos seus conhecimentos e capacidades, na utilização das tecnologias e dos instrumentos, nos contactos com os alunos e os que os rodeiam.

O exercício do professorado exige, cada vez mais, o trabalho em equipe e a integração interdisciplinar.

O católico que exerce a o professorado deverá assumir uma atitude de vigilância da sociedade; Deverá viver um humanismo cristão pautado pela caridade e pela verdade. Deverá alimentar-se de uma vida espiritual intensa. Na sua atitude, o professor católico terá a generosidade de evitar todas as atitudes violentas que teriam como resultado prejudicar as posições da Igreja. Tenderá a ter presentes as respostas racionais e adequadas expressas com serenidade e clareza.

Não poderá certamente evitar as dificuldades quotidianas de uma vida activa de relação no meio profissional com os seus companheiros e colaboradores, as suscetibilidades individuais, as tensões emocionais próprias dos meios escolares diária.

Ele terá em atenção as pressões psicológicas que muitas vezes se repetem e demasiadamente se prolongam, os sentimentos de competição nas carreiras profissionais, as tensões que poderão resultar das exigências de uma profissão desgastante e de uma vida de casal ou de família mais exigente. Perante estas previsíveis dificuldades, as múltiplas provas, e , mesmo nos sofrimentos o católico que exerce o professorado deve encontrar os meios concretos para ultrapassar e sublimar os obstáculos. Humildemente deve rejeitar os desejos de poder que não estejam ao serviço dos outros e da sociedade, as fantasias de ostentação e de gloria e todo o controlo da vida dos que o rodeiam.

O professor que se diz católico, deve procurar antes de tudo, a santidade. O santo é a pessoa que torna visível o Rosto e o Amor de Cristo.

Testemunha

O professor católico é um testemunha. Na sua prática deverá:

  • Ouvir o aluno. Este está sempre angustiado e espera que o seu professor o escute;
  • Ser uma resposta às questões que o aluno coloca;
  • Ser uma presença junto do aluno, isto é, estar disponível para que o aluno não se sinta só perante a sua preocupação;
  • Estar atento ao ambiente que envolve o aluno e a sua família;
  • Ser humilde perante a vida humana;
  • responde com tranquilidade e segurança a perguntas mais ou menos extemporâneas, manifesta disponibilidade afectiva em relação a alunos e colegas; procura contribuir para a promoção de reuniões com membros da comunidade para o intercambio de valores culturais, resolução de problemas; contribui para o desenvolvimento da consciência.

O professor deve ser testemunha na sua vida prática. Ele tem uma mensagem excepcional a transmitir: em plena fidelidade à Igreja, deve transmitir a presença de Jesus Cristo na História dos homens. Deve estar consciente  da sua identidade de portador da boa nova.

A primeira atitude de um educador católico é o amor. É a estas figuras que vocês podem observar, professores cristãos, para animar o interior de uma escola. Seja ela de gestão estatal ou não-estatal, tem necessidade de educadores credíveis e testemunhas de humanidade madura e completa.

Uma mensagem forte do Papa francisco: “Em uma sociedade que tem dificuldade de encontrar pontos de referência, é necessário que os jovens tenham na escola uma referência positiva",  . Ela pode sê-lo ou tornar-se tal se no seu interior houver professores capazes de dar um sentido à escola, ao estudo e à cultura, sem reduzir tudo unicamente à transmissão de conhecimentos técnicos, mas tendo por objetivo construir uma relação educativa com cada estudante, que deve sentir-se acolhido e amado por aquilo que é, com todos os seus limites e capacidades. Nesta direção a vossa tarefa é necessária como nunca. E vós deveis ensinar não só os conteúdos de uma matéria, mas também os valores e costumes da vida. As três coisas que deveis transmitir. Para aprender os conteúdos é suficiente o computador, mas para compreender como se ama, para compreender quais são os valores e os costumes que criam harmonia na sociedade é necessário um bom professor”. 

Como professor católico, devemos saber colaborar com a família dos alunos de cada criança procuramos dar continuidade ao projeto de lhes transmitirmos bons valores, envolvidos nos conhecimentos habituais próprios da respetiva etapa formativa. Neste processo de crescimento queremos apontar novos horizontes adaptados à sua idade, respeitando a personalidade individual, sem perderem nada do que de bom trazem de trás. Isto só é possível através do amor. Por isso, para nós, educar é amar.

O clima familiar, acolhedor, dos professores cristãos, por vezes minoritários, junto ao empenho comum de todos os que têm uma responsabilidade educativa, qualquer que seja a sua crença ou convicção, pode ajudar a superar os momentos de desorientação e de desânimo, e abrir uma perspectiva de esperança duma boa educação.

Os desafios

O professor deve se colocar na posição de eterno aprendiz que busca  uma formação profissional continua, actualização ou especialização em sua área que o torne capaz de desenvolver um plano de desenvolvimento pessoal onde ele próprio será o gestor do seu processo de aprendizagem.

O professor católico deve combater a corrupção

O salário é magro mas a formação deve ser de qualidade.

·         Ser professor católico é preocupar-se do tipo de geração que queremos formar:  cidadãos competentes, éticos, solidários,  comprometidos com a transformação de uma sociedade mais justa. O educador não pode esquecer que ele é um referencial tanto positivo quanto negativo para seus educandos. Portanto, ele deve ser coerente, verdadeiro, inspirativo, construtivo, pois  a marca de seu carácter é que falará mais alto na vida de seus educandos que buscam um referencial positivo que lhe mostre um caminho confiável. O desafio de preparar um a geração para a vida, requer do educador não só o conhecimento da realidade em que ele está inserido assim como a sua participação no enfrentar dos problemas sociais de sua comunidade.

·         Ser professor católico é uma responsabilidade, principalmente na sociedade que estamos inseridos, isto é, uma sociedade em que a maioria tem problemas de pobreza, da corrupção, falta de motivação dos alunos, família desestruturada, entre tantos obstáculos.

·         O professor não tem mais a função de transferir conteúdo, mas de ajudar o educando a apropriar-se da cultura, a transformar essa informação em conhecimento ou seja, fazer com que os esclarecimentos repassados ao aluno transformem-se em conhecimento  e que o aluno consiga empregar esse conhecimento teórico na sua vida do dia-a-dia. É necessário que o educador deixe os seus alunos falar de si, dê ideias, opiniões.

 Conclusão

O professor católico aparece como uma pessoa que deve reflectir “o sal e a luz

 

Fr. Cléophas Mudita Ilunga, Ofm

quarta-feira, 1 de julho de 2015

QUALIDADES QUE O EDUCADOR DEVE POSSUIR/PERFIL DO EDUCADOR


Considerações iniciais
Educar é uma tarefa muito difícil e importante porque exige muitas qualidades da parte do educador. Mas quem é esse educador ? quais são os requisitos ou seja, que conhecimentos e aptidões que ele deve ter  para merecer a confiança da sociedade ? para transmitir  valores que a sociedade espera ?
A família, os grupos etários , a mídia e todas as agencias sociais, quer deliberadamente ou não passam valores, hábitos, costumes e até mesmo conhecimentos. São portanto agencias educacionais. Mas serão educativas apenas se contribuírem para a formação da pessoa (criança, adulto, adolescente) em conformidade com os valores universais de verdadeiro, belo e bom, tanto no plano individual como no social. Todos estes grupos funcionam como agentes educadores, isto é, agentes que assistem e modelam o individuo humano na direcção de uma personalidade e uma cultura.
À medida que as sociedades foram se tornando cada vez mais complexas, as funções de agentes educadores foi passando  a outras agencias que é a escola. A educação passou a ser tarefa quase exclusiva da escola e de seus professores (educadores).
Com a educação escolar, esvazia-se quase completamente o papel educacional formal da família e de outras agencias da sociedade, e nasce a educação de base pedagógica, planificada e organizada, com estrutura e funcionamento definido.
Organizando assim uma educação estruturada ou sistemática, quer dizer ter pessoas capacitadas ou formadas para este efeito. Estas pessoas são os educadores.
Mas que tipo de educador precisamos para o exercício desta tarefa ? que qualidades devem ter para poder exercer com eficácia esta tarefa ?
Exemplo: um professor que foi carregado na carinha no estado de embriaguez enquanto foi um bom professor.
Qualidades
O educador acima de tudo deve possuir boa saúde física e mental, e
deve ser:
Calmo/sereno, observador/atento, autónoma/Responsável, , sociável
crítico , a sociedade de hoje exige que o professor assuma uma posição crítica dentro da sociedade, deve também ser criativo/aberto, deve ser humilde para admitir os seus erros e procurar conserta-los ao longo do caminho, mudando a sua prática para melhor, deve dominar o conteúdo (competência: professor que desperta, dialoga, facilita e comunica) que devera transmitir e saber como e onde usar o seu conhecimento, deve ser sensível, estar envolvido socialmente com seu aluno, conhecer a comunidade e os problemas enfrentados por ela, discutir esses problemas com seus alunos e orientá-los na busca de possíveis soluções, através da participação activa e da cooperação. Honesto, sigiloso, prudente, corajoso , firme, compreensivo, imparcial,  optimista, humorado
Aspectos humanos
Manifesta Abertura e optimismo pedagógico, enriquece-se sob o ponto de vista profissional e humano pelo trabalho pessoal e pelo contacto com os outros, é disponível para o trabalho em grupo (cooperante, pondo em comum experiencias e conhecimentos, é dinamizador, confia nos outros estimulando e reforçando positivamente as suas intervenções, fundamenta o seu ponto de vista mas admite perspectivas diferente das suas), revela estabilidade emocional (actua uma situação de conflito, isto é enfrenta a situação conflituosa, facilita a definição de problema, ajuda encontrar soluções para o problema), responde com tranquilidade e segurança a perguntas mais ou menos extemporâneas, manifesta disponibilidade afectiva em relação a alunos e colegas; procura contribuir para a promoção de reuniões com membros da comunidade para: intercambio de valores culturais, resolução de problemas; contribui para o desenvolvimento da consciência; é receptivo e; revela criatividade; oferece aos alunos oportunidade de reflectirem sobre ele próprio e suas aspirações.
Aspectos relativos ao conhecimento
Amplia, aprofunda e actualiza conhecimentos científicos e psicopedagógicos; mobiliza conhecimento (organiza os conhecimentos de forma a que a sua transmissão seja correcta; utiliza adequadamente conhecimentos do seu ramo e/ou de outros ramos; não comete erros; dá resposta correcta ainda que posteriormente à problemas que lhe são postos)
Deve possuir capacidades de:
Planificação, organização e avaliação do ambiente educativo, observação, planificação e avaliação de cada aluno,  incluir todas os alunos na sua sala, atendendo às sua necessidades.
Aspectos relativos à preparação das aulas
Define objectivos adequados ou nível dos alunos; selecciona conteúdos do programa; distingue num conteúdo, o essencial do acessório; define e selecciona, atendendo às diferenças do meio individuais, estratégias vaiadas e adequadas aos objectivos, ao conteúdo, a idade dos alunos e aos princípios metodológicos gerais  e da disciplina; articula conteúdos, objectivos, estratégias e avaliação; prepara o material a utilizar nas aulas com cuidado e antecedência, planifica trabalhos para casa numa perspectiva de criação, nos alunos de hábitos de trabalho
Concretização das aulas
Organiza o espaço da aula de modo que existam boas condições de trabalho; interessa-se pelos seus alunos, confia neles e tenta compreendê-los; motivas os alunos, clarifica com os alunos os objectivos a atingir de modo a desenvolver o sentido da responsabilidade; cria ambiente de trabalho; assume habitualmente o papel de animador democrático do grupo turma; revela tranquilidade, firmeza e compreensão; aproveita os conflitos para reflexão sobre comportamentos e/ou estabelecimentos de normas; é entusiasta e alegre; revela disponibilidade; evita a competição; propõe tarefas adequadas; mantém um ritmo de aula equilibrado às características de turma; dá tempo ao aluno para pensar; procura manter todos alunos activos e evita tempo mortos; formula correctamente os problemas; supera situação imprevistas; reage criativamente a perguntas, sugestões e comportamentos imprevistos; responsabiliza os alunos, encarregando-os da execução de pequenas tarefas individuais ou em grupo; ensaia a concretização do trabalho independente; facilita e varia a comunicação na aula; suscita comunicação; aceita e explora respostas diferentes e/ou erradas
Deve saber:
Criar empatia, trabalhar em grupo (O trabalho de equipe gera resultados satisfatórios), respeitar a igualdade e a diferença
Ø No sucesso do educador, estão presentes: a capacidade de aprender, ensinar, mudar e arriscar o seu desempenho, optimismo e crenças na vida e em tudo o que esta implica; acreditar no que  faz, estabelecer dialogo assíduos com outros parceiros; o gosto verdadeiro em estar com os alunos, a preocupação em comunicar com os alunos de uma forma honesta e verdadeira; abertura à mudança
Os desafios
A  nossa sociedade está em expansão em ritmo acelerado, e cabe ao educador   enfrentar desafios. E mesmo ser educador é um desafio.
O professor deve se colocar na posição de eterno aprendiz que busca  uma formação profissional continua, actualização ou especialização em sua área que o torne capaz de desenvolver um plano de desenvolvimento pessoal onde ele próprio será o gestor do seu processo de aprendizagem,
Para o desenvolvimento de sua profissão ele deve ser responsável em disponibilizar o conhecimento produzido pelas suas pesquisas.
A parceria com a família é um poderoso aliado para o sucesso do aprendizado do aluno  assim como a qualidade da escola. O desafio aí é  desenvolver essa parceria de forma construtiva, estabelecendo espaços apropriados para a participação responsável dos pais, de acordo com suas possibilidades e habilidades
O educador precisa desenvolver a habilidade de ajudar esses alunos a trabalhar de modo a implantar uma cultura estudo.
Formação de hoje
Hoje em dia ouvimos falar de que as crianças de hoje não sabem ler nem escrever na sexta classe…, o que nós fazemos para remediar e mostrar que não é verdade
Corrupção
Hoje são os pais que vão pedir aos professores para deixar passar o filho passar duma classe a outra. Entretanto são eles que dizem que não há boa formação. O que fazemos quando se apresentam a nós ?
Salário magro
Por causa de 5 Mt perdemos o nosso valor
O salário é magro mas a formação deve ser de qualidade.
·        Ser educador é preocupar-se de: que tipo de geração queremos formar ? cidadãos competentes, éticos, solidários,  comprometidos com a transformação de uma sociedade mais justa ? o educador não pode esquecer que ele é um referencial tanto positivo quanto negativo para seus educandos. Portanto, ele deve ser coerente, verdadeiro, inspirativo, construtivo, pois  a marca de seu carácter é que falará mais alto na vida de seus educandos que buscam um referencial positivo que lhe mostre um caminho confiável. O desafio de preparar um a geração para a vida, requer do educador não só o conhecimento da realidade em que ele está inserido assim como a sua participação no enfrentar dos problemas sociais de sua comunidade.
·        Ser educador é uma profissão de muita responsabilidade, principalmente na sociedade que estamos inseridos, isto é, uma sociedade em que a maioria tem problemas de pobreza, da corrupção, falta de motivação dos alunos, família desestruturada, entre tantos obstáculos.
·        O educador não tem mais a função de transferir conteúdo, mas de ajudar o educando a transformar essa informação em conhecimento ou seja, fazer com que os esclarecimentos repassados ao aluno transformem-se em conhecimento  e que o aluno consiga empregar esse conhecimento teórico na sua vida do dia-a-dia. Assumir um papel que antes era da família. Entretanto, o educador tem que ter o cuidado para não impor a sua visão de mundo, sua ideologia; tem que possuir uma mente aberta para a diferença sócio-cultural existente na sala de aula
·        É necessário que o educador deixe os seus alunos falar de si, dê ideias, opiniões.
Desde o surgimento da educação sistematizada, através do seu maior instrumento, a escola, o professor sempre teve a função de ensinar. Esta função porem, sofreu e continua sofrendo, modificação de acordo com os interesses e as necessidades de cada época.  No principio o professor era visto como um transmissor de conhecimento: aquele que detinha o saber e deveria deposita-lo no aluno mas hoje  não é o caso. O professor aparece com um novo papel dentro da sociedade. Sua função é de educador, mediando o processo ensino-aprendizagem, levando o aluno a construir seu conhecimento. Assim o aluno torna-se curioso em saber muita coisa. Neste caso o educador deve assumir o papel de pesquisador para poder responder a esta curiosidade.
Considerações finais
As qualidades requisitas do educador cultiva-se. E por isso o educador é um eterno aprendiz.

Cléophas Mudita Ilunga, Ofm

24/02/2012