quinta-feira, 2 de julho de 2015

O PROFESSOR CATÓLICO, SUA MISSÃO


SOBRE A ÉTICA PROFISSIONAL

Como viver concretamente e praticar o seu professorado  sendo cristão católico?

Introdução

Os professores católicos nos meios escolares onde há diversidade de fé, encontram dificuldades de várias ordens nas suas actividades práticas: Como manter a minha identidade do professor católico num meio que não tem nenhuma ligação com a Igreja católica ?
Estudar

Existirá uma maneira específica de viver e de me comportar nas actividades diárias, manter uma vida de fé no ambiente de escolar, na biblioteca, nos campos desportivos, nos encontros ou reuniões, nos centros de ensino superior universitários ou não universitários ?

Em primeiro lugar, convém sublinhar no profissionalismo (consciência) que deve existir no católico que exerce o professorado. O professor deve ter uma preocupação de estudo e de uma cuidada preparação científica e tecnológica; mas também deve ter uma preocupação de aprofundamento e de estudo da palavra de Deus e da doutrina da Igreja.

O sentido do profissionalismo, que infelizmente, é muitas vezes apenas tomado como uma espécie de desempenho funcional adequado no local do trabalho. Deve ser encarado ou compreendido como o exercício das virtudes no enquadramento profissional. Aquele que reflecte Cristo, manifesta as virtudes heroicas que, no caso do professor cristão católico, se devem manifestar no seu trabalho profissional.

O professor católico deve identificar-se com Cristo que veio para servir e não para ser servido (Mt 20,28): o profissionalismo  manifesta-se, como uma primeira exigência, na ambição de servir com a deliberada preocupação de atingir os padrões da mais elevada competência.

Na sua função de educador, o professor assume uma grandes responsabilidade: ser responsável, quer dizer, se sentir envolvido na tarefa que estamos a empenhar; isto é, compreender o seu valor, a sua importância, e colocar tudo em marcha para conseguir, reconhecer que a derrota ou o sucesso depende de nós.

O professor é o responsável  do desenvolvimento harmonioso da personalidade dos educandos.

O professor tem a responsabilidade:

  • Perante os alunos que esperam dele esta formação, esta educação, isto é, a felicidade e o valor de toda vida deles;
  • Perante os pais qui deram-lhe mandato para lhes substituir e acrescentar a suas insuficiências;
  • Perante a igreja que lhe deu participação à missão civilizadora e redentora;
  • Perante o estado: o progresso da nação, a felicidade de cidadãos, a sua prosperidade, o seu prestigio, dependem da formação recebida dos professores.

Q/ Como é que o professor vai assumir esta responsabilidade ? que meios ?

R/ O professor católico deve saber e querer

  1. A competência profissional que implica o conhecimento: cultura geral, domínio de matéria a ensinar. O mínimo que esperam do professor é que domine o conteúdo de sua disciplina, saiba planejar bem suas aulas e consiga avaliar seu aluno de maneira global; capacidade de compreender o aluno, comunicar o seu saber, adaptar-se ao público. criativo/aberto; deve ser humilde para admitir os seus erros e procurar conserta-los ao longo do caminho, mudando a sua prática para melhor; Ampliar, aprofunda e actualiza conhecimentos científicos e psicopedagógicos; mobiliza conhecimento (organiza os conhecimentos de forma a que a sua transmissão seja correcta; utiliza adequadamente conhecimentos do seu ramo e/ou de outros ramos; não comete erros; dá resposta correcta ainda que posteriormente à problemas que lhe são postos)
  2. Consciência profissional: vontade permanente de cumprir a sua tarefa. isto exige:

·         Honestidade no cumprimento pontual das suas tarefas, respeito de horário, planificação,  sigiloso, prudente, corajoso , firme, compreensivo, imparcial,  optimista, humorado;

·         Dedicação no cumprimento das suas tarefas, sem ter em conta nem do seu tempo, nem as suas penas;

·         Dignidade da vida privada: o que o professor é e faz, conta muito para o aluno do que o que ele diz. Uma vida fora da escola que esteja em contradição com os princípios  morais pregados na sala de aula, destrói toda a obra educacional;

·         Assim, deve haver coesão entre o trabalho e a vida privada dado que o professor católico é responsável da fama da escola onde trabalha.

Viver em comunidade

Pela sua vocação, o professor católico é chamado a servir à imagem de Cristo que ele deve representar, Ele Próprio, o Servidor de todos. Esta noção do serviço é experimentada por todos e por cada um em comunidade; em particular, pelo professor próximo dos alunos, próximo dos seus colegas, funcionários administrativos, nomeadamente na utilização dos seus conhecimentos e capacidades, na utilização das tecnologias e dos instrumentos, nos contactos com os alunos e os que os rodeiam.

O exercício do professorado exige, cada vez mais, o trabalho em equipe e a integração interdisciplinar.

O católico que exerce a o professorado deverá assumir uma atitude de vigilância da sociedade; Deverá viver um humanismo cristão pautado pela caridade e pela verdade. Deverá alimentar-se de uma vida espiritual intensa. Na sua atitude, o professor católico terá a generosidade de evitar todas as atitudes violentas que teriam como resultado prejudicar as posições da Igreja. Tenderá a ter presentes as respostas racionais e adequadas expressas com serenidade e clareza.

Não poderá certamente evitar as dificuldades quotidianas de uma vida activa de relação no meio profissional com os seus companheiros e colaboradores, as suscetibilidades individuais, as tensões emocionais próprias dos meios escolares diária.

Ele terá em atenção as pressões psicológicas que muitas vezes se repetem e demasiadamente se prolongam, os sentimentos de competição nas carreiras profissionais, as tensões que poderão resultar das exigências de uma profissão desgastante e de uma vida de casal ou de família mais exigente. Perante estas previsíveis dificuldades, as múltiplas provas, e , mesmo nos sofrimentos o católico que exerce o professorado deve encontrar os meios concretos para ultrapassar e sublimar os obstáculos. Humildemente deve rejeitar os desejos de poder que não estejam ao serviço dos outros e da sociedade, as fantasias de ostentação e de gloria e todo o controlo da vida dos que o rodeiam.

O professor que se diz católico, deve procurar antes de tudo, a santidade. O santo é a pessoa que torna visível o Rosto e o Amor de Cristo.

Testemunha

O professor católico é um testemunha. Na sua prática deverá:

  • Ouvir o aluno. Este está sempre angustiado e espera que o seu professor o escute;
  • Ser uma resposta às questões que o aluno coloca;
  • Ser uma presença junto do aluno, isto é, estar disponível para que o aluno não se sinta só perante a sua preocupação;
  • Estar atento ao ambiente que envolve o aluno e a sua família;
  • Ser humilde perante a vida humana;
  • responde com tranquilidade e segurança a perguntas mais ou menos extemporâneas, manifesta disponibilidade afectiva em relação a alunos e colegas; procura contribuir para a promoção de reuniões com membros da comunidade para o intercambio de valores culturais, resolução de problemas; contribui para o desenvolvimento da consciência.

O professor deve ser testemunha na sua vida prática. Ele tem uma mensagem excepcional a transmitir: em plena fidelidade à Igreja, deve transmitir a presença de Jesus Cristo na História dos homens. Deve estar consciente  da sua identidade de portador da boa nova.

A primeira atitude de um educador católico é o amor. É a estas figuras que vocês podem observar, professores cristãos, para animar o interior de uma escola. Seja ela de gestão estatal ou não-estatal, tem necessidade de educadores credíveis e testemunhas de humanidade madura e completa.

Uma mensagem forte do Papa francisco: “Em uma sociedade que tem dificuldade de encontrar pontos de referência, é necessário que os jovens tenham na escola uma referência positiva",  . Ela pode sê-lo ou tornar-se tal se no seu interior houver professores capazes de dar um sentido à escola, ao estudo e à cultura, sem reduzir tudo unicamente à transmissão de conhecimentos técnicos, mas tendo por objetivo construir uma relação educativa com cada estudante, que deve sentir-se acolhido e amado por aquilo que é, com todos os seus limites e capacidades. Nesta direção a vossa tarefa é necessária como nunca. E vós deveis ensinar não só os conteúdos de uma matéria, mas também os valores e costumes da vida. As três coisas que deveis transmitir. Para aprender os conteúdos é suficiente o computador, mas para compreender como se ama, para compreender quais são os valores e os costumes que criam harmonia na sociedade é necessário um bom professor”. 

Como professor católico, devemos saber colaborar com a família dos alunos de cada criança procuramos dar continuidade ao projeto de lhes transmitirmos bons valores, envolvidos nos conhecimentos habituais próprios da respetiva etapa formativa. Neste processo de crescimento queremos apontar novos horizontes adaptados à sua idade, respeitando a personalidade individual, sem perderem nada do que de bom trazem de trás. Isto só é possível através do amor. Por isso, para nós, educar é amar.

O clima familiar, acolhedor, dos professores cristãos, por vezes minoritários, junto ao empenho comum de todos os que têm uma responsabilidade educativa, qualquer que seja a sua crença ou convicção, pode ajudar a superar os momentos de desorientação e de desânimo, e abrir uma perspectiva de esperança duma boa educação.

Os desafios

O professor deve se colocar na posição de eterno aprendiz que busca  uma formação profissional continua, actualização ou especialização em sua área que o torne capaz de desenvolver um plano de desenvolvimento pessoal onde ele próprio será o gestor do seu processo de aprendizagem.

O professor católico deve combater a corrupção

O salário é magro mas a formação deve ser de qualidade.

·         Ser professor católico é preocupar-se do tipo de geração que queremos formar:  cidadãos competentes, éticos, solidários,  comprometidos com a transformação de uma sociedade mais justa. O educador não pode esquecer que ele é um referencial tanto positivo quanto negativo para seus educandos. Portanto, ele deve ser coerente, verdadeiro, inspirativo, construtivo, pois  a marca de seu carácter é que falará mais alto na vida de seus educandos que buscam um referencial positivo que lhe mostre um caminho confiável. O desafio de preparar um a geração para a vida, requer do educador não só o conhecimento da realidade em que ele está inserido assim como a sua participação no enfrentar dos problemas sociais de sua comunidade.

·         Ser professor católico é uma responsabilidade, principalmente na sociedade que estamos inseridos, isto é, uma sociedade em que a maioria tem problemas de pobreza, da corrupção, falta de motivação dos alunos, família desestruturada, entre tantos obstáculos.

·         O professor não tem mais a função de transferir conteúdo, mas de ajudar o educando a apropriar-se da cultura, a transformar essa informação em conhecimento ou seja, fazer com que os esclarecimentos repassados ao aluno transformem-se em conhecimento  e que o aluno consiga empregar esse conhecimento teórico na sua vida do dia-a-dia. É necessário que o educador deixe os seus alunos falar de si, dê ideias, opiniões.

 Conclusão

O professor católico aparece como uma pessoa que deve reflectir “o sal e a luz

 

Fr. Cléophas Mudita Ilunga, Ofm

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