SOBRE A
ÉTICA PROFISSIONAL
Como
viver concretamente e praticar o seu professorado sendo cristão católico?
Introdução
Os
professores católicos nos meios escolares onde há diversidade de fé, encontram
dificuldades de várias ordens nas suas actividades práticas: Como manter a
minha identidade do professor católico num meio que não tem nenhuma ligação com
a Igreja católica ?
Estudar
Existirá
uma maneira específica de viver e de me comportar nas actividades diárias,
manter uma vida de fé no ambiente de escolar, na biblioteca, nos campos
desportivos, nos encontros ou reuniões, nos centros de ensino superior
universitários ou não universitários ?
Em
primeiro lugar, convém sublinhar no profissionalismo (consciência) que deve
existir no católico que exerce o professorado. O professor deve ter uma
preocupação de estudo e de uma cuidada preparação científica e tecnológica; mas
também deve ter uma preocupação de aprofundamento e de estudo da palavra de
Deus e da doutrina da Igreja.
O
sentido do profissionalismo, que infelizmente, é muitas vezes apenas tomado
como uma espécie de desempenho funcional adequado no local do trabalho. Deve ser
encarado ou compreendido como o exercício das virtudes no enquadramento
profissional. Aquele que reflecte Cristo, manifesta as virtudes heroicas que,
no caso do professor cristão católico, se devem manifestar no seu trabalho
profissional.
O
professor católico deve identificar-se com Cristo que veio para servir e não
para ser servido (Mt 20,28): o profissionalismo
manifesta-se, como uma primeira exigência, na ambição de servir com a
deliberada preocupação de atingir os padrões da mais elevada competência.
Na
sua função de educador, o professor assume uma grandes responsabilidade: ser
responsável, quer dizer, se sentir envolvido na tarefa que estamos a empenhar;
isto é, compreender o seu valor, a sua importância, e colocar tudo em marcha
para conseguir, reconhecer que a derrota ou o sucesso depende de nós.
O
professor é o responsável do
desenvolvimento harmonioso da personalidade dos educandos.
O
professor tem a responsabilidade:
- Perante
os alunos que esperam dele esta formação, esta educação, isto é, a
felicidade e o valor de toda vida deles;
- Perante
os pais qui deram-lhe mandato para lhes substituir e acrescentar a suas
insuficiências;
- Perante
a igreja que lhe deu participação à missão civilizadora e redentora;
- Perante
o estado: o progresso da nação, a felicidade de cidadãos, a sua
prosperidade, o seu prestigio, dependem da formação recebida dos
professores.
Q/
Como é que o professor vai assumir esta responsabilidade ? que meios ?
R/
O
professor católico deve saber e querer
- A
competência profissional que implica o
conhecimento: cultura geral, domínio de matéria a ensinar. O mínimo que esperam do professor é que domine o
conteúdo de sua disciplina, saiba planejar bem suas aulas e consiga
avaliar seu aluno de maneira global; capacidade de
compreender o aluno, comunicar o seu saber, adaptar-se ao público. criativo/aberto;
deve ser humilde para admitir os seus erros e procurar conserta-los
ao longo do caminho, mudando a sua prática para melhor; Ampliar, aprofunda
e actualiza conhecimentos científicos e psicopedagógicos; mobiliza
conhecimento (organiza os conhecimentos de forma a que a sua transmissão
seja correcta; utiliza adequadamente conhecimentos do seu ramo e/ou de
outros ramos; não comete erros; dá resposta correcta ainda que
posteriormente à problemas que lhe são postos)
- Consciência
profissional: vontade permanente de cumprir a
sua tarefa. isto exige:
·
Honestidade no cumprimento pontual das
suas tarefas, respeito de horário, planificação, sigiloso, prudente, corajoso , firme,
compreensivo, imparcial, optimista,
humorado;
·
Dedicação no cumprimento das suas
tarefas, sem ter em conta nem do seu tempo, nem as suas penas;
·
Dignidade da vida privada: o que o
professor é e faz, conta muito para o aluno do que o que ele diz. Uma vida fora
da escola que esteja em contradição com os princípios morais pregados na sala de aula, destrói toda
a obra educacional;
·
Assim, deve haver coesão entre o
trabalho e a vida privada dado que o professor católico é responsável da fama
da escola onde trabalha.
Viver
em comunidade
Pela
sua vocação, o professor católico é chamado a servir à imagem de Cristo que ele
deve representar, Ele Próprio, o Servidor de todos. Esta noção do serviço é
experimentada por todos e por cada um em comunidade; em particular, pelo
professor próximo dos alunos, próximo dos seus colegas, funcionários administrativos,
nomeadamente na utilização dos seus conhecimentos e capacidades, na utilização
das tecnologias e dos instrumentos, nos contactos com os alunos e os que os
rodeiam.
O
exercício do professorado exige, cada vez mais, o trabalho em equipe e a integração
interdisciplinar.
O
católico que exerce a o professorado deverá assumir uma atitude de vigilância
da sociedade; Deverá viver um humanismo cristão pautado pela caridade e pela
verdade. Deverá alimentar-se de uma vida espiritual intensa. Na sua atitude, o
professor católico terá a generosidade de evitar todas as atitudes violentas
que teriam como resultado prejudicar as posições da Igreja. Tenderá a ter
presentes as respostas racionais e adequadas expressas com serenidade e
clareza.
Não
poderá certamente evitar as dificuldades quotidianas de uma vida activa de
relação no meio profissional com os seus companheiros e colaboradores, as
suscetibilidades individuais, as tensões emocionais próprias dos meios
escolares diária.
Ele
terá em atenção as pressões psicológicas que muitas vezes se repetem e
demasiadamente se prolongam, os sentimentos de competição nas carreiras
profissionais, as tensões que poderão resultar das exigências de uma profissão
desgastante e de uma vida de casal ou de família mais exigente. Perante estas
previsíveis dificuldades, as múltiplas provas, e , mesmo nos sofrimentos o
católico que exerce o professorado deve encontrar os meios concretos para
ultrapassar e sublimar os obstáculos. Humildemente deve rejeitar os desejos de
poder que não estejam ao serviço dos outros e da sociedade, as fantasias de
ostentação e de gloria e todo o controlo da vida dos que o rodeiam.
O
professor que se diz católico, deve procurar antes de tudo, a santidade. O
santo é a pessoa que torna visível o Rosto e o Amor de Cristo.
Testemunha
O
professor católico é um testemunha. Na sua prática deverá:
- Ouvir
o aluno. Este está sempre angustiado e espera que o seu professor o escute;
- Ser
uma resposta às questões que o aluno coloca;
- Ser
uma presença junto do aluno, isto é, estar disponível para que o aluno não
se sinta só perante a sua preocupação;
- Estar
atento ao ambiente que envolve o aluno e a sua família;
- Ser
humilde perante a vida humana;
- responde
com tranquilidade e segurança a perguntas mais ou menos extemporâneas,
manifesta disponibilidade afectiva em relação a alunos e colegas; procura
contribuir para a promoção de reuniões com membros da comunidade para o
intercambio de valores culturais, resolução de problemas; contribui para o
desenvolvimento da consciência.
O
professor deve ser testemunha na sua vida prática. Ele tem uma mensagem
excepcional a transmitir: em plena fidelidade à Igreja, deve transmitir a
presença de Jesus Cristo na História dos homens. Deve estar consciente da sua identidade de portador da boa nova.
A primeira atitude de um educador católico é o amor. É a
estas figuras que vocês podem observar, professores cristãos, para animar o
interior de uma escola. Seja ela de gestão estatal ou não-estatal, tem
necessidade de educadores credíveis e testemunhas de humanidade madura e
completa.
Uma mensagem forte do Papa
francisco: “Em uma sociedade que tem dificuldade de encontrar pontos de
referência, é necessário que os jovens tenham na escola uma referência
positiva", . Ela pode sê-lo ou tornar-se tal se no seu interior
houver professores capazes de dar um sentido à escola, ao estudo e à cultura,
sem reduzir tudo unicamente à transmissão de conhecimentos técnicos, mas tendo
por objetivo construir uma relação educativa com cada estudante, que deve sentir-se
acolhido e amado por aquilo que é, com todos os seus limites e capacidades.
Nesta direção a vossa tarefa é necessária como nunca. E vós deveis ensinar não
só os conteúdos de uma matéria, mas também os valores e costumes da vida. As
três coisas que deveis transmitir. Para aprender os conteúdos é suficiente o
computador, mas para compreender como se ama, para compreender quais são os
valores e os costumes que criam harmonia na sociedade é necessário um bom
professor”.
Como professor católico, devemos saber colaborar com a
família dos alunos de cada criança procuramos dar continuidade ao projeto de
lhes transmitirmos bons valores, envolvidos nos conhecimentos habituais
próprios da respetiva etapa formativa. Neste processo de crescimento queremos
apontar novos horizontes adaptados à sua idade, respeitando a personalidade
individual, sem perderem nada do que de bom trazem de trás. Isto só é possível
através do amor. Por isso, para nós, educar é amar.
O clima familiar, acolhedor, dos professores cristãos,
por vezes minoritários, junto ao empenho comum de todos os que têm uma
responsabilidade educativa, qualquer que seja a sua crença ou convicção, pode
ajudar a superar os momentos de desorientação e de desânimo, e abrir uma perspectiva
de esperança duma boa educação.
Os desafios
O professor deve se
colocar na posição de eterno aprendiz que busca
uma formação profissional continua, actualização ou especialização em
sua área que o torne capaz de desenvolver um plano de desenvolvimento pessoal
onde ele próprio será o gestor do seu processo de aprendizagem.
O professor católico
deve combater a corrupção
O salário é magro mas a
formação deve ser de qualidade.
·
Ser professor católico é preocupar-se do
tipo de geração que queremos formar: cidadãos competentes, éticos, solidários, comprometidos com a transformação de uma
sociedade mais justa. O educador não pode esquecer que ele é um referencial
tanto positivo quanto negativo para seus educandos. Portanto, ele deve ser
coerente, verdadeiro, inspirativo, construtivo, pois a marca de seu carácter é que falará mais
alto na vida de seus educandos que buscam um referencial positivo que lhe
mostre um caminho confiável. O desafio de preparar um a geração para a vida,
requer do educador não só o conhecimento da realidade em que ele está inserido
assim como a sua participação no enfrentar dos problemas sociais de sua
comunidade.
·
Ser professor católico é uma
responsabilidade, principalmente na sociedade que estamos inseridos, isto é,
uma sociedade em que a maioria tem problemas de pobreza, da corrupção, falta de
motivação dos alunos, família desestruturada, entre tantos obstáculos.
·
O professor não tem mais a função de
transferir conteúdo, mas de ajudar o educando a apropriar-se da cultura, a
transformar essa informação em conhecimento ou seja, fazer com que os
esclarecimentos repassados ao aluno transformem-se em conhecimento e que o aluno consiga empregar esse
conhecimento teórico na sua vida do dia-a-dia. É necessário que o educador deixe
os seus alunos falar de si, dê ideias, opiniões.
O
professor católico aparece como uma pessoa que deve reflectir “o sal e a luz”
Fr.
Cléophas Mudita Ilunga, Ofm
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