1. Introdução
As
comunidades humanas, organizações são regidas por normas indispensáveis à sua organização.
Estas normas fundamentam-se nos valores relativos à concepção do bem e do mal,
definindo o que é lícito e o que é
ilícito, os comportamentos aceitáveis ou reprováveis, o que se deve fazer ou
não fazer, etc. Na organização
profissional do docente o jogo é o mesmo. O professor precisa de viver dentro
das normas, conhecer os seus deveres e obrigação para poder cumprir bem a sua missão. É na Deontologia
profissional, ética e moral que se trata.
2.
Da deontologia profissional
A
deontologia trata de o que se deve fazer (dos deveres). O termo deontologia
provém do Grego “déon”, que significa dever ou “deontós” de obrigação. E “logos”
que significa discurso ou tratado.
A
deontologia profissional trata dos deveres e das obrigações do profissional,
aquilo que é preciso exigir de todo profissional no desempenho das suas funções
(Alonso, 2008:179). Ela, portanto, estabelece um conjunto de comportamento
exigíveis aos profissionais.
Para
os profissionais docentes, distinguem-se os deveres: na sala de aula, na
escola, na sociedade, com os colegas, com os educandos, com as autoridades, etc.
·
O primeiro dever profissional docente é
o dever de competência, ao mais elevado nível das exigência da profissão
(Monteiro, 2004:111). Esta competência deve ir além do manual. Um docente deve
ser alguém que compra e lê livros, revistas e jornais, para acompanhar os
progressos do conhecimento da sua área profissional e para estar informado e
ter opinião e preocupação sobre o que se
passa no mundo em que vive.
·
Respeitar e cuidar da dignidade da
profissão (mesmo fora do seu exercício) e não sacrificar os seus valores a
ilegítimos interesses de lucro ou outros.
Um
professor deve apresentar-se nos seus locais de trabalho de um modo próprio a
não prejudicar a respeitabilidade e as
condições de sucesso da sua função. Assim, ter comportamentos públicos (ou privados, mas do
conhecimento público) não recomendáveis é comprometedor para a profissão
(Monteiro, 2004: 141).
·
Amar pedagogicamente os educandos,
respeitar a sua privacidade, os seus direitos, as sua diferença pessoal, social
e cultural, criar um ambiente de confiança e bem-estar, agir e reagir com
serenidade, utilizar uma boa linguagem, ser compreensivo no julgamento e sanção
das infracções disciplinares, etc.
·
A defesa de valores e interesses
profissionais comuns.
·
Respeito das competências, trabalho e
opiniões dos colegas
·
Manter relações de cordialidade, cooperação
com os colegas, evitando exprimir publicamente eventuais divergências.
Considerando
estes deveres, viu-se que no exercício da sua função, o docente assume uma
grande responsabilidade. Ser responsável é sentir-se envolvido na tarefa que
desempenha; compreender o seu valor, a sua importância, pautar para sucesso,
reconhecendo que o insucesso ou o sucesso da tarefa depende de nós e nos é
imputado.
Como
é que o professor pode assumir a sua responsabilidade ? (que meios ?)
precisa saber e querer.
v Competência
profissional: indica um
conjunto de características que ajuda um indivíduo a realizar as suas funções
no âmbito laboral. Ela implica conhecimentos: cultura geral, domínio da matéria
a leccionar e saber transmitir a matéria, etc.
v A
consciência profissional é a tensão permanente da vontade para o cumprimento da
sua tarefa. Ela implica, a honestidade profissional em cumprimento pontual das
suas tarefas, devoção e dedicação, etc., dignidade da vida privada.
A
deontologia tem como base 3 elementos: consciência, a liberdade e os valores.
3.
Da
Moral
A
moral ajuda o homem a guiar os seus actos (actos humanos, daqueles actos que o
homem executa com conhecimento e de livre vontade), lhe indica o que deve fazer
e o que deve evitar para alcançar o fim último. Moral, portanto, é
o conjunto
de regras adquiridas através da cultura, da educação,
da tradição e do quotidiano, e que orientam o comportamento
humano dentro de uma sociedade, ou organização.
Etimologicamente, o termo moral tem origem no latim morales, cujo
significado é “relativo aos costumes”.
As regras definidas
pela moral regulam o modo de agir das pessoas, mas quando um individuo foge às regras estabelecidas socialmente ou no contrato de trabalho,
trata-se do assédio moral. A imoral é
todo o tipo de comportamento ou situação que contraria os princípios
estabelecidos pela moral. Por exemplo, a falta de pudor, prejudicar alguém para
o benefício próprio, exigir um incentivo ao estudante porque tem uma nota
baixa, etc.
Tudo
isso tem que ver com a consciência. A consciência, é, do ponto de vista moral,
o juízo prático pelo qual a pessoa moral
pode distinguir o bem do mal e apreciar os seus actos e os dos outros (Antunes,
1996). Com a consciência o homem é capaz de ver e julgar os fenómenos tendo em
canta as normas de vivência na sociedade.
A
liberdade é a capacidade de agir por si mesma. É a expressão de uma necessidade
de poder tornar-se pessoa. A liberdade reside na própria atitude do homem de
assumir-se.
Valor
é aquilo que é bom, útil, positivo, ideal que todos quer atingir. Relaciona-se
à ética.
4.
Da
Ética
A
ética é a ciência que estudo os valores e virtudes do homem estabelecendo um
conjunto de regras de conduta e de postura a serem observadas para que o
convívio em sociedade possa se dar de forma ordenada e justa (Olivares, 2009).
A palavra “ética” vem do Grego “ethos” que
significa “modo de ser” ou “carácter”
A
tarefa da ética é para mostrar ao profissional que deve ser competente e
responsável no exercícios da sua função. Assim, o professor, para desempenhar
bem a sua actividade deve pautar pelos princípios éticos.
Ser
ético é agir dentro dos padrões convencionais, é proceder bem, é não prejudicar
uma pessoa, estudante, o colega, a instituição, a sociedade. É cumprir os valores estabelecidos pela
sociedade em que se vive. Ser ético não é apenas se abster de fazer o mal, é
também agir para promover o bem.
Existem
comportamentos antiéticos ou anti-valores que lesam a honra do ser docente:
·
O fenómeno da corrupção no sector da
educação.
·
O aliciamento, envolvimento sexual dos
professores com estudantes.
·
Apropriação de trabalhos dos colegas
e/ou de estudantes (plágio)
·
Assinar no Livros de ponto ou de presença
sabendo que estava ausente (falta consc).
·
Receber remuneração dum trabalho que não
fez, moralmente é errado. É o mal moral.
·
Criticar outro, não é ético
·
Trazer informação falsa (fofoca) visando
prejudicar um colega para se beneficiar de algo
·
Mentir
·
Vestir-se com roupas inapropriados
·
Desrespeitar o colega com frases ou
atitudes preconceituosas
·
Inveja, etc.
NB.
Estes actos ou comportamentos são antiéticos porque não são aceites a todos os
níveis: social, organizacional, legal e individual
A
ética profissional é o conjunto de normas éticas que formem a consciência do
profissional, representam imperativos da sua conduta.
O
indivíduo que tem ética profissional cumpre com todas as actividades de sua
profissão, seguindo os princípios determinados pela organização e pelo seu
grupo de trabalho.
Falar
da ética significa falar da liberdade. A ética nos lembra as normas e a
responsabilidade. mas não tem sentido falar de norma ou de responsabilidade se
a gente não parte da suposição de que o homem é realmente livre.
Conclusão
Um docente
deve ser uma pessoa com uma vida moralmente
regulada, no seu agir ou comportar. Agir moralmente significa agir de acordo
com a própria consciencia.
A
consciência moral é aquela voz interior que nos diz que devemos fazer, em todas
as ocasiões, o bem e evitar o mal. (Tomás de Aquino apud Valls, 1999: 63).
Ao
lado da moral tem a ética que é um instrumento que ilumina a consciência do
docente, sustenta e dirige as acções do docente, regulando a sua conduta
individual e social. Na educação, essa consciência deve ser muito mais apurado porque os
professores lidam com vidas em formação, porque lidam com seres humanos
dependentes deles e do seu trabalho.
É
preciso que nós, professores, tenhamos ética, enquanto instrumento que ilumina
a nossa consciência moral. Esta é essencial para a vida em todos os aspectos,
seja pessoais, familiares, sociais e profissionais, sobretudo para a prática
pedagógica.
Os
vários aspectos da deontologia profissional,
ética e moral que sublinhamos ao longo da exposição têem implicação no
PEA, porque o ensino não significa apenas a transmissão do conhecimento,
engloba muita coisa (consciência, responsabilidade, comportamento, carácter,
etc.). Se os professores optarem para um ensino eficaz, inovador e de
qualidade, deverão cumprir com os seus deveres deontológicos, éticos e morais.
Sem o perfume deontológico da
profissão não se entra no reino da pedagogia; ser ou não professor é uma
questão de consciência, ciência e excelência. (Antunes, 1996)
Bibliografia
ALONSO,
Augusto Hotal. Ética das Profissões.
São Paulo, Edição Loyola, 2008
MONTEIRO,
Agostinho dos Reis. Educação e
Deontologia, Lisboa, Escolar Editora, 2004
VALLS,
Álvaro L. M. O que é ética, São
Paulo, Editora Brasiliense, 1999
ANTUNES,
João Lobo. Um modo de ser – Ensaios.
Lisboa, Gradiva, 1996
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