terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Muntugogia: uma reflexão sobre a pedagogia do Muntu.

  1. Introdução
O presente trabalho trata-se da reflexão sobre a teoria de Muntugogia, uma teoria que coloca o Muntu no centro das atenções e da pedagogia, e sustenta que, tendo em conta dos valores culturais que a africa tem, deve ser promovida uma pedagogia que seja própria ao Muntu, pedagogia construída na base da realidade que vive o africano.
Deste modo, três pontos serão tratados. O primeiro ponto trata-se da contextualização da teoria da Muntogogia na qual se apresenta a necessidade da dita pedagogia. O segundo ponto trata-se do fundamento da Muntugogia. Aqui vão ser apresentados os três pilares que sustentam o teoria da pedagogia do Munto. Isto é, a epistemologia, a axiologia e a ontologia.  No quarto ponto serão feitas as considerações gerais e por fim a bibliografia.
  1. Contextualização
A “Muntugogia” ou Pedagogia do Muntu, é uma nova nomenclatura  da pedagogia  aplicada à pessoa africana chamada Muntu. Esta pedagogia  procura atender de forma particular a pessoa africana na realidade do seu contexto sociocultural para responder às espectativas da sua sociedade.
O que sustenta a pedagogia do Muntu é a sua particularidade. Do mesmo modo que existe uma educação americana ou europeia ou ainda asiática, deve também existir uma educação que seja puramente africana, que corresponde com a cultura e realidade africana. Deste modo, o Muntu, como africana, tem a sua educação que é diferente doutras educações (europeia, asiática, americana, etc.), os seus valores tradicionais são diferentes e o seu modo de pensar e de interpretar a realidade do mundo é diferente. Estes elementos todos fazem com que se pensa numa outra pedagogia baseada de forma particular na pessoa africana, o Muntu,  uma educação personificada, específica destinada ao Muntu. A educação africana constitui o meio para compreender e fundamentar a Muntugogia. Assim, segundo a preocupação do autor iniciador de Muntugogia, precisa conhecer a pessoa que deve ser educada, conhecer os valores a transmitir e  método  educativo a privilegiar para que haja educação[1].
A Muntugogia aparece como uma resposta a um questionamento de longos anos, de ver a educação europeia “invadir” a identidade africana, dado que não houve a ideia  de ter uma filosofia de educação propriamente africana.
  1. Fundamento da Muntugogia
Para fundamentar a Muntugogia baseia-se nas tarefa da filosofia da educação. Isto é, na tarefa epistemológica, axiológica e ontológica.
2.1.A tarefa epistemológica
A epistemologia como teoria do conhecimento ou estudo crítico das várias ciências, é considerada como o momento crucial para a elaboração de uma teoria. É aqui que encontramos  justificação da filosofia da educação africana chamada Muntugogia.
Portanto, a pedagogia do Muntu ou Muntugogia encontra a sua justificação naquilo que a história relata acerca da educação. Viu-se que, desde muito o povo africano tinha a sua maneira de educar os seus filhos, tinha um modo particular de tratar os filhos e mostra que todos tinha uma educação comum organizada em etapas. Isto é, cada faixa etária tinha um módulo de formação em que cada criança ou jovem devia receber. Portanto, a justificação de Muntugogia acha-se presente na fundamentação feito pelos depositários da cultura africanas mostrando e explicando como é que foi concebida a educação, quais factores a considerar para que seja válida esta educação. Nesta perspectiva, recorre-se à metodologia da “sage philosophy” de Henry Odera Oruka, que, segundo Bono (2014:188), propõe legitimar um método da filosofia africana que não siga os cânones da filosofia clássica europeia, mas parta da vida e do pensamento dos sábios, depositários da sapiência e, por conseguinte, da filosofia africana. Deste modo, a pesquisa realizada junto dos sábios do território de Inhambane mostram-se fiáveis para fundamentar a base epistemológica da Muntugogia.
2.2.A tarefa axiológica
Para falar da Muntugogia, precisa conhecer o Muntu que é o objecto principal desta pedagogia africana, a sua cultura e os valores que são transmitidos. A axiologia é a base de toda a acção  pedagógica. Segundo Silva (1995:70), a educação sempre se faz a partir de bases axiológicas, portanto fundamentada em determinados valores e visando, por outro lado, a transmissão , reprodução, ou criação de novos valores.
Em outras palavras, sem a axiologia não há pedagogia, dado que esta  tem seus objectivos e metas a alcançar. Assim, a educação faz-se por meio de valores. Os valores africanos sobre os quais se constrói a Muntugogia estão presentes nas categorias axiológicas[2] apresentadas pelo autor iniciador da teoria e das pesquisas e escritos (citados, por completo na obra: “Muntuísmo”) que foram consultados e auxiliaram sobremaneira na configuração do quadro de referencias indispensável para fundamentação da teoria sobre a pedagogia do Muntu.
Bono (2014: 169ss), apresenta um leque de categorias axiológicas sobre o qual assenta a Muntugogia. Abordando o pensamento de Amaral, mostra que há sete categorias existências  na cultura africana. A escuta, considerada como elemento fundamental para uma cultura baseada na oralidade. Na sociedade tradicional africana a palavra tem poder sobre o indivíduo e por isso tem o seu correspondente,  a escuta,  uma virtude que exige a fidelidade ao conteúdo da mensagem herdada dos antepassados e que deve passar de geração em geração. O encontro é uma outra categoria. Este, caracteriza a vida do africano, porque os acontecimentos ou circunstâncias dentro da sociedade é uma ocasião para encontro. A relação com Deus, os antepassados, o clã e a família, marca a cultura africana. A acolhida e a hospitalidade é uma virtude próprio ao africano. A simpatia e empatia é muito sentida na sociedade africana e também a alegria, festa e esperança, caracterizam o povo africano. Estas categorias são muito importantes para a educação do africano. Pode-se dizer também que estes valores estão no sangue do africano de modo que ninguém pode lhe tirar. Comentando a ideia de Langa, o autor supracitado mostra que este último  limitou-se à educação negro moçambicano como educação tradicional africana. Esta educação caracteriza-se pela sua unidade, isto é não há diferença entre o profano e o sagrado, existe só um mundo. Também mostra que educação é teocrática dado que Deus é o ponto de partida e de chagada de toda a educação. Acrescentou-se que a educação é homocêntrica, porque é o Muntu que está no centro das preocupações. A educação africana é faseada, isto é, respeita a idade de cada um. Existem conteúdos diferentes para cada faixa etária. E por fim a educação é participativa dado que é toda a família nuclear que é responsável desta educação.
Na mesma ordem de ideia, Ngoenha citado por Bono (op.cit: 133), mostra que educar é antes de mais transmitir valores. Não é possível educar ou fazer uma teoria da educação sem uma ideia de homem, sociedade, história, cultura e vida. A maior preocupação não deve ser a  respeito do aspecto formal (metodológica, didáctica, etc.) mas material e isto é, os conteúdos  axiológicos que se pretendem transmitir, os objectivos por atingir. Parafraseando Castiano, Bono mostra que os saberes locais devem ocupar um lugar muito importante na educação, eles refletem a identidade do africano. Deste modo, os saber ou as experiências que o Muntu vive no seu dia a dia deve ficar patente no currículo. Por esta razão chegou a ideia da união de valores da localização e de  globalização. Falando disto, viu-se que Castiano privilegia um paradigma da educação que valorize a universalidade, a africanidade e a moçambicanidade. O que está em relevo são os valores. Como diz Silva (Ibid: 27), a reflexão filosófica sempre trabalhou com “categorias axiológicas”, não apenas visando aplica-las espontaneamente, como se dá no pensar cotidiano, mas realizando também um questionamento sistemático a respeito da função dessas categorias, suas origens e limitações, relações e influências mútuas, condições objectivas de surgimento, manutenção e transformação.
Portanto, as bases axiológicas do Muntugogia estão bem fundamentadas e alicerçadas naquilo que o africano vive no seu dia a dia.  Assim, não pode existir uma Muntugogia que não seja baseada nos valores, aliás, nos valores que sejam conhecidos como africanos.
2.3.Tarefa ontológica
Na justificação epistemológica da Muntugogia viu-se que o povo africano tem uma educação diferente de outros povos. Esta particularidade da educação está enraizada no Muntu como ser de relação, e é ligada na sua concepção do mundo, da natureza, do homem e de Deus.  Deste modo, a ontologia da Muntugogia vai junto com a epistemologia. Esta é a força vital e tem uma  ideia de um ser dinâmico, transcendente, um ser ontologicamente religioso. Portanto, a Muntugogia  é uma ontologia  transcendental dado que a sua educação é para gerações. em outra palavras, pode educar o Muntu para muitas gerações sem perder o seu valor.

  1. Considerações finais
A teoria de Muntugogia mostra que o muntu está no centro das atenções pedagógicas e apresenta a educação africana como meio para fundamentar esta teoria. De facto, a cultura africana tem uma grande riqueza a ser explorada e considerada como base para sustentar uma teoria. Do mesmo modo que existe uma pedagogia para educar um europeu, americano ou asiático, existe também uma pedagogia para educar o Muntu, uma pedagogia que valorize a cultura do Muntu e a realidade que vive. Educar um Muntu a partir duma base axiológica não africano é uma violência para com ele e uma maneira de esperar um resultado não satisfatório nem autêntico, mas sim, mascarado, isto é, esperar um resultado negativo dado que as realidades educativas e os valores que sustentam esta educação são diferentes.
A Muntugogia  revela-se como uma boa saída para a pessoa e a sociedade africana. Ela deverá aprofundar os aspectos que lidam directamente com educação. Visto o seu objecto de  estudo, a Muntugogia deverá pôr em relevo os agentes da educação, isto é, apresentar de forma sistemática a sua visão ou percepção do aluno, educador, escola; mostrar também como é o estado e a Igreja irão contribuir nesta  pedagogia que valoriza a cultura africa, e que conteúdo educativo e valorativo vai fazer parte desta pedagogia do Muntu.  Serão os valores culturais africanas tradicionais que serão na base desta educação ou haverá uma mistura de cultura com objectivos de selecionar o que é bom para o Muntu ? acho que a internacionalização  de culturas é uma riqueza para a Muntugogia dado que no mundo actual já se alterou os valores  culturais africanas “original”. A nossa sociedade africana está vivendo uma crise axiológica patente no novo sistema de educação. Fazer  uma pedagogia essencialmente africana para um africano misto com a cultura ocidental será difícil mas possível, é um grande desafio. Para a Muntugogia vai ser importante fazer um estudo comparativo com as outras culturas não africanas para enriquecer mais a pedagogia do Muntu.
A educação tradicional africana teve sucesso porque é toda a sociedade que foi envolvida na educação.  A criança ou jovem tinha medo do adulto (educador) e o respeitava , a família preocupava-se com a educação dos seus filhos, etc. mas na nossa sociedade actual, a família não se preocupa tanto na educação dos filhos e cada qual se preocupa com os seus próprios filhos. Os valores africanos conhecidos até agora perdem aos poucos a sua força por causa da mundialização. A Muntugogia deverá desta forma, ter uma estratégia muito forte para desafiar a pedagogia contemporânea que não respeita os valores africanos, já que as suas bases epistemológicas, axiológicas e ontológicas são bem fundadas.  
A pedagogia do Muntu, no entanto, deve ser ligado à experiência do Muntu. Para que haja uma mediação, o educador deverá saber que o Muntu tem a sua experiência ou a sua história e que o contexto em que vive influencia muito na sua educação. Portanto, a pedagogia baseada na realidade que vive a pessoa é muito importante e faz parte da tarefa que a Muntugogia deve cumprir. Deste modo, o papel da educação na perspectiva Muntugogista  é ajudar o Muntu a ser educado dentro dos parâmetros da sua cultura, já não são os livros ou a cultura ocidental que dicta  as linhas educativas, mas sim, os valores africanos e recuperar a sua identidade e os valores perdidos por causa do sincretismo cultural.


Bibliografia
  • BONO, Ezio Lorenzo. Muntuísmo: A ideia de pessoa na filosofia africana contemporânea, Maxixe, Editora Educar, 2014
  • SILVA, Sônia Aparecida Ignacio. Valores em Educação: O problema da compreensão e da operacionalização dos valores na prática educativa, 3ª Edição, Petrópolis, vozes, 1995  



[1] Ideia tirada na palavra introdutiva da obra “Muntuismo” , de Ezio Lorenzo Bono (2014)
[2] Por categoria axiológica entende-se a forma de ser dos valores, a manifestação dos valores, conforme o poder de captação e tratamento que se pode ter deles, no desenvolvimento das experiências existenciais ou históricas, individuais ou colectiva. Ou ainda, “categoria axiológica” refere-se ao valor enquanto algo significativo, necessariamente presente à vida humana, ao mesmo tempo determinante e determinado pelo processo humano de existir (Silva,1995: 27).

A AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE ENSINO EM MOÇAMBIQUE

INTRODUÇÃO
A realização do presente inquérito sobre a qualidade de ensino em Moçambique tornou-se possível com o concurso de alunos de diferentes escolas escolhidos unicamente para este efeito. Contudo, a ambição de sondar opiniões destes alunos era para ajudar a equipe pesquisadora a perceber melhor a situação que se vive nas escolas para poder tirar conclusões sobre a qualidade de ensino. Com esta maneira de proceder, pensamos humildemente ter sido recolher o desafio com sucesso.
Muitas motivações inspiraram-nos neste inquérito. A primeira é evidentemente a de conhecer as opiniões de alunos em relação a qualidade de ensino, que de se contentar das nossas percepções talvez erróneas da realidade. A segunda motivação reside no interesse que temos sobre o sucesso escolar que tem os fundamentos na qualidade de ensino.
No estudo que apresentamos, optámos por conciliar a pesquisa qualitativa e quantitativa com o propósito de procurar estabelecer ligações entre os dados recolhidos por diferentes  fontes e de enriquecer a investigação. A combinação  dos dois métodos torna a pesquisa mais forte e reduz os problemas da adopção exclusiva de um único método. Há no entanto um predomínio da metodologia qualitativa condicionado pela natureza do fenómeno em estudo, a avaliação da qualidade de educação.
No presente estudo, a população é constituída por 10 alunos. A escolha da escola e dos alunos derivou do facto de os autores já ter trabalhado nas escolas como pesquisadores. Para selecionar a amostra utilizámos o método da amostragem aleatória simples. Este método apresenta duas características fundamentais: todas as amostras de tamanho N devem ter a mesma probabilidade de serem retiradas no Universo e cada um do N casos deve ter a mesma probabilidade de ser incluído na amostra retirada (Hill e Hill, 2002).
Para recolher informação sobre a qualidade de ensino, construímos questionário (ver anexo) que aplicamos aos alunos, o que nos permitiu ter matéria para falar sobre a qualidade.
A distribuição do questionário foi realizada directamente pelos investigadores após a obtenção das autorizações necessária. O questionário foi aplicado pessoalmente Aos alunos para evitar certos constrangimentos. Foram entregues 10 questionários e todos foram devolvidos.

APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS E DISCUSSÃO SOBRE A QUALIDADE DE ENSINO EM MOÇAMBIQUE
O presente ponto tem por objectivo disseminar os resultados obtidos no campo de pesquisa através dum questionário, dirigido aos alunos. Os resultados são apresentados, analisados e interpretados de maneira a inferir os mesmos à qualidade de ensino em Moçambique.
Os resultados são apresentados nas tabelas. As mesmas apresentam os números de enqueridos com a respetiva percentagem nas respostas. Assim, as tabelas 1, 2 e 3, refletem as respostas dadas pelos inquiridos à questão relacionada com o ambiente educativo; as tabelas 4,5 relacionam-se com a questão relativa à prática pedagógica; as tabelas 6 e 7 tratam da avaliação pedagógica e as tabelas 8, 9 e 10 relacionam-se com questão que trata da gestão escolar democrática.
  1. Ambiente educativo
Neste tópico pretende-se apresentar e interpretar os resultados referidos ao ambiente educativo. As perguntas relacionadas a este ponto visavam compreender o tipo de amizade e solidariedade que se vive nas escolas, como os alunos participam na elaboração das regras disciplinares e ver se a escola aplica o respeito aos direitos da pessoa humana.
1.1.Amizade e solidariedade
Tabela 1

  1. Quando alguém chega à escola com algum problema pessoal, encontra pessoas dispostas a ajudar ?
Alunos envolvidos
Sim
Não
Abstenção

6 (60%)
3 (30%)
1 (10%)

  1. O ambiente escolar favorece a amizade entre todos ?
Alunos envolvidos
Sim – 4 (40%)
Não – 6 (60%)
Abstenção- 0 (0%)
Fonte: autores do trabalho
Como se nota na tabela 1, dos 10  (100%) alunos questionados a respeito da pergunta um (1) acima referida, 6  (60%) responderam positivamente e, apenas 3 (30%) o fizeram negativamente, sendo 1 (10%) não revelou a sua opinião. À pergunta dois (2), 4 (40%) enqueridos responderam positivamente e a maioria 6 (60%) mostrou que o ambiente escolar não favorece a amizade entre todos.
Portanto, a qualidade de ensino depende do ambiente que se vive na escola. Enquanto houver deficit no clima de amizade ou colaboração entre membros que constitui a comunidade escolar, sobretudo com os encarregados da educação, haverá ainda muito por fazer. É nesta linha que Lima (2002: 288) defende a importância de uma verdadeira colaboração entre os dois agentes da educação mostrando que o envolvimento parental conduz a uma maior motivação, a mais aproveitamento escolar e a um melhor comportamento disciplinar. E acrescenta mostrando que, nos pais, verifica-se uma melhoria da sua auto-estima e o acesso à informação que lhes é útil para orientar os filhos; nos professores, o envolvimento parental pode tornar o seu trabalho mais facilitado e bem sucedido, além de mais, bem visto porque será compreendido pelos pais.
1.2.disciplina
Tabela 2

  1. As regras de convivência na escola são claras, conhecidas e respeitadas por toda a comunidade escolar ?
Alunos envolvidos
Sim
Não
Abstenção

0 (0%)
9 (90%)
1 (10%)

Os alunos participam na elaboração das regras de convivência ?
Alunos envolvidos
Sim -5 (50%)
Não – 5 (50%)
Abstenção- 0 (0%)
Fonte: autores do trabalho
A questão em análise faz-nos ver que dum total de 10 (100%) alunos questionados, 9 (90%) afirmaram que as regras de convivência não são claras  e 1 (10%) deixou a pergunta sem resposta. Todavia, numa conversa informal, o mesmo que respondeu positivamente, confessou que é muito arriscado dar uma explicação a esta pergunta.
De facto, é legitimo que as regras de convivência sejam claras e conhecidas porque fazem parte da formação dos alunos.
Quanto à participação na elaboração destas regras, a metade 5 (50%) dos enqueridos mostrou que há participação e a outra metade 5 (50%) mostrou que não há participação.
A participação na elaboração das regras ou leis que regem uma certa conduta dentro duma comunidade, precisam de ser elaboradas e discutidas pelos membros que constitui o grupo para ter o seu valor. Portanto, as regras de convivência na escola devem ser bem claras, conhecidas por toda a comunidade escolar, assim os alunos irão com certeza cooperar na sua aplicação.
1.3.Respeito aos direitos da pessoa humana
Tabela 3  

  1. A escola acolhe pessoas com deficiência nas mesmas salas de aula em que estudam os alunos sem deficiência?
Alunos envolvidos
Sim
Não
Abstenção

7 (70%)
3(30%)
0 (0%)

  1. Se sim, esses alunos recebem o apoio de que necessitam ?
Alunos envolvidos
Sim – 3 (30%)
Não – 7 (70%)
Abstenção -0 (0%)
Fonte: autores do trabalho
Fazendo a leitura da tabela 3, vê-se que 7 (70%) alunos mostram que a escola acolha alunos com deficiência e 3 (30%) afirmaram que escola não acolhe estes alunos. Por outro lado, 3 (30%) dos que disseram que há acolhimento mostram que estes recebem o apoio necessário. Os restantes disseram que os alunos com deficiência não recebem o apoio que necessitam.
Portanto, os resultados obtidos dos informantes fazem-nos perceber que a escola recebe alunos com deficiência mas não satisfaz as necessidades que eles precisam.
Analisando e interpretando este facto, pensou-se que, a ausência dos meios de apoio não justifica a não assistência a alunos com deficiência. Para que a formação destes alunos seja completa ou integrante tem que apoiar estes alunos mesmo que este apoio não esteja planeado no programa escolar. A inclusão de todos os alunos faz parte da qualidade do ensino. Enquanto que estes alunos deficientes não receberem o apoio necessário, o ensino ainda tem problemas sérios. Isto significa que, Quando uma criança com NEE é meramente colocada numa classe regular sem os serviços e apoios de que necessita e/ou quando se espera que o professor do ensino regular responda a todas as necessidades dessa mesma criança, sem o apoio de especialistas, isso não é inclusão, é educação irresponsável (CORREIA, 2008:13). Em outras palavras, será considerada como uma educação ou ensino sem qualidade.
  1. Prática pedagógica
A obtenção das informações a respeito deste tópico tornou-se possível através da obtenção de respostas à questão abaixo colocada. Com esta pergunta pretende-se perceber as estratégias que se usam para que haja aprendizagem.
2.1.Variedade das estratégias e dos recursos de ensino-aprendizagem
Tabela 4

  1. São usados diferentes recursos pedagógicos(internet, revistas, livros, filmes…) na sala de aula ?
Alunos envolvidos
Sim
Não
Abstenção

6 (60%)
4 (40%)
0 (0%)

  1. As salas de aula são organizadas de acordo com o tipo de actividade realizada ?
Alunos envolvidos
Sim - 4 (40%)
Não – 6 (60%)
Abstenção- 0 (0%)
Fonte: autores do trabalho
As respostas referentes às estratégias mostram por um lado que nas escolas existem alguns recursos que promovem a aprendizagem, 6 (60%) alunos, e por outro lado, 4 (40%), vê-se que  não existem recursos apropriados para promover a aprendizagem. Quanto à organização da sala de aula, 4 (40%) enqueridos mostram que as salas são organizadas de acordo com o tipo de actividade realizada, enquanto 6 (60%), a maioria dos enqueridos, diz que não há organização.
Relacionando as duas posições vê-se que a maioria dos informantes mostra que as salas não são organizadas tendo em conta das actividades a realizar. Mas olhando a parte que confirmou que há organização, embora seja uma minoria, pensou-se que estes consideraram a organização de salas sem ter em conta das actividades que se realizam nelas. É claro que sempre há várias salas de aula na escola, porém, nem todas respondem necessariamente as actividades previstas.
Toda a política educacional deve ser orientada para oferecer as condições tanto materiais quanto didáticas que não só permitam, mas também induzam os professores a realizar uma educação de boa qualidade (PARO, 2010:32).
Para maximizar os esforços na procura da qualidade do ensino, as escolas deveriam providenciar material que auxiliasse o ensino. Isto é, providenciar salas para certas actividade tais como filmes, sala para internet e outros materiais tecnológicos. O ponto em análise faz-nos ver que as salas não são preparadas tendo em conta das actividades a ser realizadas. Portanto isso é um deficit na organização.
2.2.incentivo à autonomia e ao trabalho coletivo
Tabela 5

  1. Os professores explicam de forma clara e simples os objectivos das matérias que estão sendo estudadas na sala de aulas?
Alunos envolvidos
Sim
Não
Abstenção

9 (90%)
1 (10%)
0 (0%)

  1. As aulas são organizadas de maneira que todos os alunos possam fazer perguntas, conversar sobre os assuntos apresentados, defender suas ideias e mudar opiniões?
Alunos envolvidos
Sim – 8 (80%)
Não – 2 (20%)
0 (0%)

  1. Os alunos têm oportunidade de propor, criar e realizar actividades na sala de aula e na escola como um todo ?
Alunos envolvidos
Sim - 6 (60%)
Não – 4 (40%)
0 (0%)
Fonte: autores do trabalho
Analisando a tabela acima ilustrada, vê-se que na pergunta (1), uma grande percentagem 9 (90%), resultado das afirmações dos alunos revelando que os professores explicam de forma clara os objectivos das matérias. Por seu turno, 1(10%) aluno revelou que os professores não explicam os objectivos das matérias.
Ainda pode se perceber na tabela em alusão que do total de 9 que afirmaram que os professores explicam de forma clara os objectivos, 8 acrescentaram que as aulas são organizadas de maneira que todos os alunos possam fazer perguntas. Os 2 restantes mostraram que na organização não há esta possibilidade de colocar perguntas. Por último, na pergunta relacionada com a possibilidade de alunos propor, criar e realizar as actividades na sala de aula, 6 (60%) alunos sustentam esta possisbilidade e 4 (40%) afirmam que não há esta possibilidade.
Tendo em conta os resultados apresentados na tabela 5 nota-se de facto que há incentivos à autonomia e ao trabalho colectivo.
  1. Avaliação
Dado que a avaliação é um dos elementos importantes da aprendizagem, procurou-se saber neste tópico os procedimentos na avaliação. As perguntas visavam compreender as opiniões dos alunos acerca da avaliação. Estes são avaliados da mesma maneira? Os professores apresentam o guião de correcção ? Foram algumas das perguntas colocadas.
3.1.Monitoria do processo de aprendizagem dos alunos
Tabela 6

  1. Todos os alunos são avaliados da mesma maneira?
Alunos envolvidos
Sim
Não
Abstenção

10 (100%)
0 (0%)
0 (0%)

  1. Todos os alunos são informados sobre os conteúdos nos quais progrediram e em quais precisam estudar e avançar mais ?
Alunos envolvidos
Sim -10 (100%)
Não – 0 (0%)
Abstenção – 0 (0%)

  1. Os professores apresentam os guiões de correcção dos testes que aplicam ?
Alunos envolvidos
Sim -0 (0%)
Não – 10 (100%)
Abstenção – 0 (0%)
Fonte: autores do trabalho
Como se constata na tabela 6, todos 10 (100%) alunos são avaliados da mesma maneira. Porem, todos 10 (100%) afirmam que os professores não apresentam os guiões de correcção dos testes que aplicam.
De facto, a apresentação de guiões de correcção é muito importante para dar oportunidade aos alunos saber avaliar-se a partir das respostas fornecidas pelos professores. As escolas deveriam preocupar-se em organizar os guiões de correcção e entregar aos alunos porque faz parte da sua formação.
3.2.Mecanismos de avaliação dos alunos
Tabela 7

Os professores fazem uso de diferentes actividades para avaliar os alunos (provas, trabalhos, seminários) ?

Sim
Não
Abstenção
Alunos envolvidos
10 (100%)
0 (0%)
0 (0%)
Fonte: autores do trabalho
Como se nota na tabela 7, dos 10 (100%) alunos questionados a respeito da pergunta acima referida, 10 (100%) respondeu positivamente mostrando que os professores dão provas, trabalhos e seminários.
Esta afirmação mostra que quanto aos alunos, as escolas tentam realizar o máximo possível na variedade das avaliações. Isto favorece o sucesso de cada um dos alunos dado que uns trabalham com facilidade nas provas escritas, outros nas orais, outros também nos trabalhos de casa, etc.
4. Gestão escolar democrática
O presente tópico pretende mostrar o que se faz na escola para que haja uma gestão democrática. O objectivo é de ter uma ideia sobre a colaboração que existe entre a Direcção e a comunidade escolar.  
4.1. informação democratizada
Tabela 8

  1. A Direcção consegue informar toda a comunidade escolar sobre os principais acontecimentos da escola?
Alunos envolvidos
Sim
Não
Abstenção

4 (40%)
6(60%)
0 (0%)

  1. Se sim, as informações circulam de maneira rápida e precisa entre alunos, docentes, demais profissionais da escola e outros membros da comunidade escolar?

Sim - 4 (40%)
Não – 6 (60%)
Abstenção – 0 (0%)
Fonte: autores do trabalho
Dum total de 10 (100%) alunos enqueridos, 4 (40%) afirmaram que a Direcção consegue informar toda a comunidade escolar sobre os principais acontecimentos da escola e 6 (60%) mostram que não existe esta informação. À pergunta de saber se esta informação circula com rapidez, a maioria 6 (60%) dos enqueridos disse que não.
Portanto há fraca participação da comunidade escolar nos principais acontecimentos. Isto mostra que não há uma boa ou forte colaboração entre a Direcção e a comunidade educativa. E também a pouca informação que existisse, não circula com rapidez. Desta forma, as escolas têm uma dificuldade séria quanto ás informação, elemento que constitui uma penalização à qualidade da educação.



4.2. Assiduidade e pontualidade na escola
Tabela 9

  1. Os professores aparecem regularmente na escola?

Sim
Não
Abstenção
Alunos envolvidos
8 (80%)
2 (20%)
0 (0%)

  1. Os professores começam e terminam as aulas pontualmente?
Alunos envolvidos
Sim -7 (70%)
Não – 3 (30%)
Abstenção – 0 (0%)

  1. Os alunos chegam à escola pontualmente?
Alunos envolvidos
Sim – 6 (60%)
Não – 4 (40%)
Abstenção – 0 (0%)
Fonte: autores do trabalho
A primeira questão em análise mostrou que dum total de 10 (100%) alunos questionados, 8 (80%) afirmaram que os professores são pontuais, 2 (20%) tiveram uma posição contrária. A questão de saber se estes começam e terminam pontualmente, 7 (70%) disseram que sim e os restantes 3 (30%) disseram que não. Quanto à pontualidade dos alunos mesmo, 6 (60%) confirmaram ser pontuais e 4 (40%) disseram o contrário.
De forma geral, há assiduidade e pontualidade da parte dos professores e dos alunos. É um sinal do interesse para com a educação. Isso pode ser também um elemento que favorece o melhoramento da qualidade de ensino, dado que todos têm uma boa consciência, ora para educar ora para receber educação.
4.3. Biblioteca
Tabela 10

  1. Há biblioteca na escola ?
Alunos envolvidos
Sim
Não
Abstenção

1 (10%)
9 (90%)
0 (0%)

  1. Caso exista, está arejada, iluminada e com ambiente agradável?
Alunos envolvidos
Sim - 1(10%)
Não – 0 (0%)
Abstenção – 9 (90%)

  1. Qualquer pessoa pode ter acesso à biblioteca?
Alunos envolvidos
Sim - 1(10%)
Não -0 (0%)
Abstenção 9 (90%)

  1. A biblioteca tem a maior parte dos livros que se precisa?
Alunos envolvidos
Sim – 0 (0%)
Não- 1(10%)
Abstenção 9 (90%)
Fonte: autores do trabalho
Como se pode ver na tabela 10, a maioria 9 (90%) de alunos não queria se pronunciar acerca da existência da biblioteca na escola. 1 (10%) só dos 10 enqueridos mostrou que há biblioteca. Isto contraria o que se exige para uma escola.
É no mínimo estranho que a escola não disponha ao menos de algumas fontes básicas de informação e que, ante a multiplicidade de conhecimento, continue actuando como se todo o saber pudesse residir na cabeça do professor ou entre as capas do manual didático. Os professores precisam contar, em eu local de trabalho, com materiais de apoio e consulta. E os estudantes devem, desde cedo, ser informados da existência desses materiais, da necessidade e possibilidade de irem formando seus próprios caminhos na conquista do saber.(NERY at al,1998:82).
Da mesma maneira os 9 (90%) enqueridos não souberam dizer se esta tem um ambiente agradável. Só 1 (10%) indicou que há um ambiente agradável. O mesmo mostrou que qualquer pessoa pode ter acesso a biblioteca e os outros não se pronunciaram. A verdade é que as escolas deveria estudar uma forma de  colocar a biblioteca à disposição da comunidade. Poderia funcionar, também à noite , para que a consulta popular e mesmo dos estudantes tivesse maiores oportunidades de efetivação (NÉRICI, 1991:336).
No concernente ao volume dos livros, ninguém conseguiu dizer algo, 1 (10%) mostrou que a biblioteca não tem maior parte dos livros que se precisa. É necessária no ensino de todas as disciplinas, a fim de poderem ser orientadas leituras subsidiárias e correlatas, no sentido da formação mais ampla do espírito. A biblioteca pode e deve prestar auxílio à todas as disciplinas, e além de obras de cultura geral, de literatura e estrangeira, deve conter dicionários e enciclopédias. (IBID).
Portanto, os resultados obtidos dos informantes fazem-nos perceber que a escola não tem biblioteca, assim, a ausência da biblioteca nas escolas não se justifica porque os alunos não podem conseguir estudar sem apoio da biblioteca. Para que a formação dos alunos seja completa ou integrante as escola têm que providenciar a biblioteca no seu seio.

 CONSIDERAÇÕES  FINAIS
A apresentação e interpretação de dados revela-nos até que ponto os resultados recebidos correspondem com a realidade da qualidade de ensino em Moçambique. Os resultados mostram um interesse geral, não bastante positivo e também não tão negativo dos alunos para com a qualidade de ensino.
A nossa primeira preocupação é, fornecer aos actores escolares, preocupados em saber se o ensino tem qualidade ou não e como melhorar a sua prática referindo-se na leitura muito fina de realidade sobre a qualidade de ensino  apresentada.
Pensamos ter conseguido dar palavras aos alunos e dar-lhes também oportunidade de relatar e expressar a sua visão sobre a qualidade de ensino que eles recebem.
Igualmente, somos felizes de ter contribuído a pôr em causa certas ideias recebidas como a percepção de uma insatisfação da parte de alunos notadamente em fraco implicação doutros membros da comunidade escolar nas actividade da escola, isto é, dos encarregados e alunos na elaboração de regulamento da escola, e das leis que regem certas actividades; há falta de biblioteca nas escolas, situação que dificulta a assimilação de matérias, a leitura e escrita e outras pesquisas a realizar fora da sala de aula; o ambiente escolar geralmente não favorece a amizade entre todos os membros da comunidade escolar; as regras de convivência não são claras e conhecidas por todos; os alunos com deficiência não tem apoio necessário e também os professor sabem dar provas mas não dão o guião de correcção.
Por outro lado somos felizes da forte participação dos alunos nesta pesquisa e da confiança que os alunos tem para com as suas respectivas escolas.
Mas,  temos de sublinhar a importância  de interpretar Prudentemente o conjunto de resultados do inquérito com os seus limites, em particular dado que cada aluno respondeu segundo a realidade da sua escola e também as vezes com receio de dizer toda a verdade.
Bem que se confiasse a interpretação de grandes tendências que resultam na nossa análise, isto quer dizer que as conclusões possam ser generalizadas a cada escola de forma especifica e em Moçambique de forma geral.
Concretamente significa que, se o país quer fazer uso dos resultados  para melhorar um ou outro aspecto da qualidade de ensino, convém de melhorar certa leitura fina e contextualizar os resultados.
Assim, formulamos claramente o desejo que os resultados do inquérito sejam usados no processo de um espirito de melhoramento a curto, médio e longo termo, pela qualidade de ensino, seguindo a ideia do ex-ministro da educação, Augusto Jone que insiste no facto de que,
A qualidade da educação sempre vai ser uma exigência. Sempre somos confrontados para termos uma melhor qualidade, maior envolvimento das escolas com os encarregados da educação para encontrar soluções[1]















BIBLIOGRAFIA
  1. PARO, Vitor Henrique. Educação como exercício do poder: crítica ao senso comum de educação, 2ª ed., São Paulo, Cortez editora
  2. Discurso do ministro da educação na abertura do seminário sobre a implementação do sistema de gestão e garantia da qualidade de educação em Moçambique. Tirado na http://www.portaldogoverno.gov.mz/noticia/educação/Dezembro-de-2013/Mined-tenciona-melhor-qualidade-de ensino-moçambique, dia 24-06-2014 às 9h00
  3. NÉRECI, Imideo G. Introdução à Didática Geral, 16ª ed., São Paulo, Atlas, 1991
  4. NERY, Alfredina at al. Biblioteca escolar: estrutura e funcionamento, São Paulo, Edições Loyola, 1989
  5. CORREIA, Luís de Miranda. A escola contemporânea e a inclusão de alunos com NEE: Considerações para uma educação com sucesso, Porto, porto Editora,2008
  6. LIMA, Jorge Ávila. Pais e professores: um desafio à cooperação, Lisboa, ASA, 2002.
  7. PAIVA, Renato. Ensinar o teu filho a estudar, Lisboa, Esferadas dos livros, 2012.






[1] Discurso do ministro da educação na abertura do seminário sobre a implementação do sistema de gestão e garantia da qualidade de educação em Moçambique. Tirado na http://www.portaldogoverno.gov.mz/noticia/educação/Dezembro-de-2013/Mined-tenciona-melhor-qualidade-de ensino-moçambique, dia 24-06-2014 às 9h00