sexta-feira, 23 de novembro de 2018



1.      Introdução

Act. 1, 12-14: como os apóstolos foram ao encontro
“Os apóstolos encontravam-se todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo, que se repartiram e repousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheio do Espírito Santo” (Act 2,2-4).

Estamos reunidos neste lugar para a celebração do Capítulo. Somos como os apóstolos no Cenáculo. Vocês vieram de vários contos do país, Províncias e comunidades. Com o objectivo de tratar sobre a vossa vida. As diversidades de dons são as experiências  vividas. Com a diversidade neste encontro, ousaremos dizer que nosso capítulo tem um gosto de Pentecostes. Porque falamos a mesma linguagem  mas expressa de forma diferente. Vieram para o mesmo objectivo. No dia de Pentecostes os fiéis diziam: como é que eles falam numa língua e nós ouvir cada qual na sua língua ? isto significa que os frutos do capítulo tem impacto na sociedade.
2.      O sentido do capítulo
Um capítulo é o tempo para a congregação redefinir a sua identidade. Renovar o seu compromisso e a sua missão. Cada uma veio com o fogo do espírito da sua comunidade, com experiências vividas e iluminadas pela decisão, recomendações e proposta de projecto de vida, do capítulo anterior, etc.
O capítulo não se preocupa somente com a qualidade da vida religiosa de seus membros actuais, mas também com a própria qualidade da congregação, que tem como missão conservar vivo seu carisma e passá-lo às gerações futuras. Através do capítulo estão  chamadas a lançar um olhar de amor e de compaixão sobre o mundo que o circunda, no qual vive e ao qual é enviado em missão.
A celebração do capítulo é um momento agradável e relaxado, sem deixar de ser algo sério e profundo. Mostra também que esse é um momento importante em que as irmãs reúnem-se  não apenas para avaliar e planejar suas actividades, mas também para confraternizar e celebrar a vida e a missão de cada uma e das comunidades ou da Província. É um momento de formação e oração, tanto da vida pessoal quanto social e eclesial, reforçando, assim, o nosso compromisso.
Congregação é este corpo que tem a responsabilidade de discernir colegialmente a vontade de Deus para ele. O Capítulo  é um tempo importante para tal discernimento.
3.      A alegria do encontro
O Capítulo conduz-nos numa dinâmica de festa, da alegria dos reencontros, dos cânticos, das liturgias, da convivência. Tem a sua dimensão festiva, mesmo se, por vezes, algumas de nós o vivem como um tempo de trabalho intenso que pode ser causa de medo ou angústia. O fundamento desta alegria é  o prazer de estar juntas, trabalhar juntas, descobrindo juntas o caminho que nos leve ao cumprimento da nossa missão.
4.      Objectivos
O capítulo é para traçar o caminho para a renovação espiritual da nossa província. O Cân 631 disse que o dever principal do capítulo é defender o património do instituto, promover a renovação adequada, eleger o Moderador supremo, tratar dos assuntos e bem assim elaborar normas, à quais todos estão obrigados a obedecer.
5.      Da escuta ao diálogo
Na celebração deste capítulo devemos nos colocar em situação de escuta. Escutar a palavra de Deus e a voz de Deus através das propostas, ideias ou preocupações dos outros. A escuta vem  também através do que o Espírito está dizendo à Igreja hoje assim como através dos sinais dos tempos.
O mesmo Espírito que falou aos nossos fundadores ou fundadoras continua a falar ao coração de cada um de  nós desafiando-nos  em  situações diversas e concretas. É então importante que durante às sessões encontre-se meios que permitam a todas as irmãs ter voz ou palavras que ajudem a construir a vida em comunidade e a província. A voz de cada uma é preciosa e construtiva. Assim, que todas expressam-se com toda naturalidade, sem uma pressão externa, sem fingimento, sem monopólio da palavra, etc.
Esta voz preciosa é diferente da voz acusativa, que fere as sensibilidades, que expressa uma certa revolta na pessoa ou que deixa transparecer uma certa inimizade, vingança, raiva insatisfação, oposição ou ataque as outras como ajuste de contas. A voz construtiva  controlar a sua linguagem e as suas emoções para não ferir e adapta-se ao ambiente.
O capítulo, como tempo de escuta, deveria ser também um tempo de diálogo; pois é através das palavras dos outros que a palavra de Deus nos é transmitida. O diálogo é um exercício de docilidade a Deus. Para responder a Ele, precisamos primeiro escutar outras pessoas. Para ouvir a voz de Deus, temos de dialogar com as nossas irmãs. Este diálogo pode assumir mil e uma formas, de partilha do Evangelho a responder a um questionário, inclusive reuniões de trabalho, trabalho em comissões, partilhas, etc. Esta atitude de escuta é essencial ao próprio capítulo.
Os capítulos antes do Vaticano II foram muitas vezes, em muitos institutos, nada mais do que capítulos para eleição. O Vaticano II designou o capítulo  como um dos principais meios de renovação.
Uma verdadeira renovação exige que as irmãs, durante o capítulo sejam sinceras para com elas mesmas e preocupadas com a vida presente e futura da congregação, das comunidades e de cada irmã. Para isto, é bom que elas ouçam as necessidades, as aspirações, os problemas e as experiências de todas.
6.      A oferta preciosa
A participação no capítulo não é um privilegia, mas sim, uma responsabilidade para todos os membros da congregação. As irmãs capitulares são as "delegadas" que exercem  suas funções em nome de todos os membros da congregação. Um capítulo é um ato colegial e comunitário. Colegial em seu funcionamento, o que significa que as decisões tomadas, foram tomadas pelo colégio de participantes legalmente designadas, da comunidade hospitaleira, isto é, são todas as irmãs que participam através das delegadas. As decisões tomadas serão observadas para todas. Por essa razão os trabalhos não podem ser feitos para satisfazer os interesses individuais, mas sim, para o bem de todos e com todo o coração. 
Um capítulo não terá sucesso se não tiver sido bem preparado. E isto não se refere simplesmente ao bom preparo técnico, seguramente importante, mas ao longo preparo de mentes e corações, para o qual todos os membros dos institutos devem se sentir responsáveis. Na verdade, o período de preparação para um capítulo se inicia no dia que o capítulo anterior termina.
Na agenda está previsto a escolha de conselheiras. Quando ao momento das eleições, pedir o Espírito para escolher não a pessoa de que mais gostamos ou que será a melhor administradora, mas aquela que parece capaz de ajudar a congregação a alcançar os seus objectivos,  buscando cumprir sua missão e na contínua leitura da vontade de Deus.
Na verdade o Espírito Santo oferece todas as luzes necessárias; o único problema é se nós estamos fazendo uso delas. Pedir luz ao Espírito Santo antes de uma eleição é de fato pedir a purificação do coração de tal modo que possamos estar abertos às luzes que ele nos oferece para o nosso discernimento.
Deus não tem candidata. Ele deixa às capitulares a responsabilidade plena por sua escolha: e ele se liga a esta escolha. Seja ela feliz ou infeliz para a congregação  na medida em que as irmãs capitulares façam um bom discernimento, usando todos os meios humanos através dos quais o Espírito Santo opera. E qualquer que seja a aptidão ou falta dela daquele que foi escolhido, Deus sempre oferece a ele sua graça, que ele também será capaz de usar ou de não usar de acordo com seu próprio grau de pureza de coração. Uma conselheira não um opositor, a pessoa que vocês conhece que é a mais confusa, ela não se lida ou vai apertar a provincial, ou a pessoa que não tem posição. não ! a conselheira é aquela que ajuda, aconselha. Não é aquela que diz sempre sim mas que dá ideias, caminhos, que ilumina as outras, que é mãe.
7.      O Ambiente nas sessões de trabalho
Do ponto de vista da atmosfera das sessões, um capítulo deveria ter um ritmo "humano", com um horário que permita a cada uma não só o tempo necessário para o sono, mas também tempo para oração comum e pessoal e intervalos para reflexão e partilha. Não se pode transformar um capítulo provincial num retiro espiritual.
Para ficar felizes e realizadas neste capítulo, o ambiente em que se decorra as sessões deve oferecer um mínimo de segurança. E para que exista esta segurança, é necessário promover espírito de compreensão, tolerância, paciência, hospitaleiro, um clima familiar e religiosa. Criar um clima de paz,  harmonia, partilha…
Tudo isso implica evitar  preconceitos, as conclusões e decisões negativas sobre o capítulo antes de iniciar o capítulo.  Este modo de proceder poderá criar um certo bloqueio ou dificultar o espírito do capítulo e procurar caminhos para o futuro feliz da nossa congregação. É melhor olhar no que é positivo para encorajar e procurar estratégias para mudar o que não foi positivo.
8.      A necessidade  do discernimento
Para chegar às melhores decisões e orientar bem as acções precisa do discernimento. Com efeito, existe um discernimento dos sinais dos tempos, que aposta no reconhecimento da presença e da acção do Espírito na história; um discernimento moral, que distingue o que é bom daquilo que é mau; um discernimento espiritual, que se propõe reconhecer a tentação a rejeitar e, proceder pelo caminho da plenitude da vida.
Um bom discernimento necessita o diálogo com o Senhor e à escuta da voz do Espírito. São estes elementos que podem nos levar a fazer opções fundamentais sobre aquilo que queremos. O Espírito fala e age através dos acontecimentos da vida de cada uma, de cada comunidade, mas os eventos em si mesmos são mudos ou ambíguos, uma vez que podem ser interpretados de diferentes modos. Assim, no discernimento precisa de reconhecer, interpretar e recolher.
9.      Conclusão
O bom êxito do Capítulo, portanto, está confiado a cada uma, à vontade de cada uma de vocês. São vocês que precisam de uma renovação da vida, de um novo caminho para concretizar a missão hospitaleira no mundo de hoje, são vocês que têm o desejo de contribuir para a renovação da congregação, a renovação da vida nas comunidades. Para isso, deve-se abrir o coração para uma sincera partilhar das experiências na simplicidade e alegria acompanho das luzes que o Espírito vos  faz perceber a vontade de Deus em tudo que irão realizar.

 Obrigado

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